Política

Fernando Pimentel tem sigilo telefônico “quebrado” pela justiça

O ex-governador mineiro está sendo acusado de lavagem de dinheiro; ele disse que as 'investigações cuida de fatos anteriores' a seu mandato

Publicado: | Atualizado em 28/07/2019 14:30


Governador de MG Fernando Pimentel (PT)  — © Lucas Lacaz Ruiz
Governador de MG Fernando Pimentel (PT) — © Lucas Lacaz Ruiz

Política — A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo telefônico do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT), em uma investigação que apura possíveis beneficiários de R$40 milhões desviados da Cemig, a estatal mineira de energia.

A medida atendeu ao pedido feito pelo Ministério Público Federal no âmbito da (E o Vento Levou 2), fase da Operação Descarte deflagrada nesta quinta-feira (25). O ex-governador e atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) também está sendo investigado na operação.

A decisão foi tomada pela juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Federal em São Paulo, especializada em crimes de lavagem de dinheiro. A quebra de sigilo telefônico é referente ao ano de 2014, quando Pimentel deixou o cargo de ministro do Desenvolvimento na gestão Dilma Rousseff para concorrer ao cargo de governo de Minas Gerais (MG).

A Polícia Federal apura suspeita de superfaturamento de R$ 40 milhões em um contrato de energia eólica da Renova Energia S.A, firma que havia recebido mais de R$ 800 milhões aportes da Cemig, com a empresa Casa dos Ventos.

+ Lista de autoridades vítimas dos hackers presos na ‘Operação Spoofing’ aumenta

Esses R$ 40 milhões, segundo os levantamentos das investigações foram escoados em contratos fictícios com outras empresas, convertidos em espécie e distribuídos a diversas pessoas.

Além da quebra do sigilo de Pimentel, também foi decretada a quebra de sigilo do ex-deputado Gabriel Guimarães (PT-MG), o principal alvo desta fase da operação, de Leandro Gonçalves, suposto operador do ex-parlamentar, e de dois delatores.

Também foi determinada busca e apreensão na casa de Gabriel, suspeito de ser o destinatário de parte dos recursos desviados.

Pimentel foi citado pelo delator Ricardo Assaf, diretor financeiro da Renova. Ele afirma, na colaboração, que em um jantar com Gabriel Guimarães em outubro de 2014 acertou de ser apresentado ao então governador eleito e ficou ajustado o repasse de R$ 2 milhões a Gabriel. Esses valores, disse Assaf, foram entregues em espécie.

Camarote no carnaval do Rio

Ainda segundo os delatores, a Renova financiou camarote, transporte e hospedagem para convidados de Gabriel, no valor de R$ 220 mil, para o carnaval do Rio de Janeiro. Entre os convidados, estavam Pimentel e sua mulher, Carolina.

Foram mostradas trocas de mensagens de Whatsapp com a organização do transporte. Apesar de a Renova financiar o camarote, não havia publicidade da empresa no local.

O Ministério Público Federal pediu busca e apreensão também na residência de Pimentel, mas o pedido foi negado. Ela afirma que não há “menção expressa” nas delações de que o ex-governador solicitou valores ou vantagens à empresa.

+ Sindpol diz que delegacia de União continua recebendo presos mesmo interditada

“O único fato, até então apresentado, que possa demonstrar algum envolvimento do ex-governador com os fatos, consubstancia-se no financiamento de camarote pela Renova. No entanto, em nenhum momento fica evidenciado que Fernando Pimentel tenha tratado diretamente sobre o tema, nem sequer que tinha ciência de que o evento foi financiado pela empresa, Renova.”

Na primeira fase da E o Vento Levou, os principais alvos foram aliados do também ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB), atualmente deputado federal.

A segunda fase, deflagrada nessa quinta-feira (25), cumpriu oito mandados de busca e apreensão em Salvador, São Bernardo do Campo (SP), Lauro de Freitas (BA), Milagres (BA) e Nova Lima (MG). Os alvos são investigados sob suspeita dos crimes de associação criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Em nota, a assessoria do ex-governador Fernando Pimentel afirmou que:

A investigação se debruça sobre fatos anteriores à gestão de Fernando Pimentel no Governo de Minas Gerais. O ex-governador desconhece o caso e não tem nem teve relações com a empresa Renova”, esclarece a nota.

*com Folhapress

Comentários


    Entre para nossos grupos

    Telegram
    Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
    WhatsApp
    Entre e receba as notícias do dia
    Entrar no Grupo


 
 
 
Especiais

Especial
Livro ensina técnica de leitura usada por Sherlock Holmes para expandir a memória

Aprenda a Melhorar sua Memória, Lendo até 10 Vezes Mais Rápido e Retendo Até 100% do Conteúdo


veja também

Almir Belo - @Reprodução
Política
Almir, o pior vice possível

Almir Belo foi condenado no TSE por fraude à cota de gênero


Jailson Vicente, Sandro Jorge e Almir Belo - @Reprodução
Política
Por 5×2 votos, TSE cassa o mandato de Almir Belo, Sandro Jorge e Jailson Vicente

Com isso, os votos do MDB serão anulados e, após a anulação dos votos, ocorrerá uma recontagem para determinar a distribuição das cadeiras.


Gabriela Freitas - @BR104
Política
Primeira-dama de União dos Palmares pode ficar inelegível por oito anos

O TSE formou maioria para condenar o diretório do MDB, que era presidido por Gabriela Yasmine em 2020


Sandro Jorge, Almir Belo e Jailson Vicente - @Reprodução
Política
TSE forma maioria para cassar vereadores de União por fraude à cota de gênero

A expectativa agora é para a sentença, que além de cassar os mandatos, pode deixar os vereadores inelegíveis por oito anos.


Ministro Raul Araújo - @Reprodução
Política
3×2: Raul Araújo segue o relator e vota para não cassar vereadores de União dos Palmares

A expectativa agora se volta para os dois últimos votos, sendo que se apenas um votar divergindo do relator, é suficiente para formar maioria para cassar os parlamentares.