No dia 10 de outubro, estará completando um ano desde que Gleice Kelly Silva, com 25 anos de idade, foi internada para dar à luz ao seu filho, Levi. Poucos dias após o parto, ela teve que deixar o hospital com a amputação da sua mão esquerda.
A dona de casa expressa sua insatisfação pelo fato de que, apesar de tanto tempo ter passado, houve muito pouco progresso na investigação do caso.
“Estar vendo o tempo passar sem que nada aconteça é muito angustiante. Minha vida parece estar estagnada. Só não está completamente parada porque todos os dias eu me esforço para superar minhas limitações. Isso não deveria ser assim”, lamenta Gleice.
Gleice enfrentou complicações durante o parto no Hospital da Mulher Intermédica, localizado em Jacarepaguá. Ela recebeu uma via venosa na mão esquerda, que começou a inchar e ficar roxa. De acordo com a família, a situação só foi tratada após sua transferência para outra unidade de saúde, mas a demora resultou na necessidade de amputar o membro.
O inquérito policial encontra-se na 41ª Delegacia de Polícia, no bairro Tanque, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, sem qualquer conclusão ou encaminhamento para um processo criminal.
A Polícia Civil informou que “a investigação está em curso e está sendo acompanhada pelo Ministério Público”.
Gleice e sua advogada, Monalisa Gagno, moveram um processo cível que obrigou o grupo Notre Dame Intermédica, responsável pelo Hospital da Mulher, a financiar sua reabilitação. Elas também solicitaram o custeio de uma prótese, mas a Justiça determinou que o pagamento seria efetuado ao final do processo. Ou seja, Gleice só receberá uma mão artificial quando o caso for decidido.
De acordo com informações apuradas, em 27 de setembro, um recurso do grupo Notre Dame para suspender o financiamento da reabilitação foi negado.
Desde o dia 1º de junho, Gleice possui autorização da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), onde está em tratamento, para utilizar a prótese. No entanto, a advogada teme que a demora no inquérito policial e, consequentemente, no processo cível, prejudique o progresso de sua cliente.
“A única medida tomada até o momento no inquérito policial foi a solicitação de um exame de corpo de delito, que confirmou a demora no diagnóstico e tratamento do inchaço na mão de Gleice, culminando na amputação do membro”, afirma a advogada.
Enquanto o tempo passa, Gleice está se adaptando à vida sem uma das mãos. Ela relata que teve que fazer alterações em suas roupas, nos sapatos de seus filhos e em alguns itens de sua casa.
“Tudo o que eu tinha antes, precisei mudar: os sapatos dos meus filhos, que eu não conseguia mais amarrar, algumas roupas deles, minhas próprias roupas, tudo mudou”, diz ela, que é mãe não apenas de Levi, que completará um ano, mas também de Gusttavo, de 9 anos, e Lorenzo, de 5 anos.
O posicionamento da Polícia Civil destaca que as diligências continuam em andamento para apurar os fatos, de acordo com a 41ª DP (Tanque), com acompanhamento do Ministério Público.
O Ministério Público, por sua vez, informou que o segredo de justiça é determinado pelo Judiciário.
A Notre Dame Intermédica emitiu uma nota completa em que assegura que continua fornecendo à paciente Gleice Kelly da Silva as melhores condições de assistência à sua recuperação, incluindo acompanhamento médico, apoio psicológico, serviços de fisioterapia, deslocamento e alimentação até a data atual, além de todo suporte necessário para o filho da paciente.
A unidade reitera sua solidariedade à família de Gleice e se mantém disponível para prestar esclarecimentos e apoio clínico. A nota também destaca que o hospital não fará comentários sobre questões processuais que estejam em andamento devido ao segredo de justiça.