União dos Palmares — Na manhã desta quinta-feira (29), a porta da 11° Delegacia Regional de União dos Palmares estava repleta de pessoas que aguardavam ansiosamente a soltura de Ademílson da Silva, de 53 anos. Ele passou sete noites na cadeia sob a acusação de manter um ancião de 72 anos em regime de trabalho análogo à escravidão.
A revogação da prisão preventiva foi proferida na manhã desta quinta-feira (29) pelo juiz da 7ª Vara Federal, Rosmar Antonni Rodrigues Cavalcanti de Alencar. O juiz entendeu que não haviam elementos suficientes para manter detido o acusado, e determinou ‘a imediata expedição do alvará de soltura em favor do acusado’, sem medida cautelar.
Preso desde a última quinta-feira (22), Ademílson sempre negou que tivesse mantido o idoso como seu funcionário, e afirmou que a denúncia partiu de seus ‘inimigos’. Ele atribuiu o nome de dois ex-associados da associação que preside, Pedro Viana e Francisco Alves Monteiro Filho, que segundo ele, tentam o prejudicar há um certo tempo.
Quando ele apareceu no portão da delegacia, os familiares e amigos comemoraram muito. “É uma sensação muito boa de ver ele aqui junto com a gente. Foram sete noites de tristeza, e quando eu chegava aqui eu passava confiança pra ele, pedindo força a Deus. Eu chegava pra ele e dizia que ele levantasse a cabeça, pois eu estava com ele”, disse Cleide, esposa do acusado, emocionada.
Justiça determina ‘soltura imediata’ de acusado de escravizar idoso em União — © Alyson Santos/BR104
“O que eu quero dizer nesse dia de hoje, é que eu agradeço a todos. Eu mando um beijo de coração pra todos. Eu amo todos vocês que acreditaram que ele era inocente, eu só tenho a agradecer. Quero agradecer, também, ao BR104, as igrejas que entraram em oração, as pessoas da sociedade que também acreditaram nele. Hoje mesmo é só felicidade”, desabafa.
Bastaste emocionado, Ademílson contou que nesse momento não vai pensar nas pessoas que o fizeram mau, e o que aconteceu foi uma ‘injustiça’. Disse ainda que não foi fácil conviver preso, longe dos amigos e da família. Também relembrou os dias em que realizou cultos dentro da cela, e que certo dia chegou até a presenciar uma briga entre os detentos.
“No momento em que abracei minha família ontem, senti um calor dentro de mim que Deus colocou. Eu me sinto satisfeito, pois agora estou sendo justiçado. Quem me injustiçou, que fez aquilo comigo, que Deus possa cuidar dele ou fazer algo, eu não faço. Porque se eles pensavam que eu era igual a eles, eu vou mostrar que não sou. Eu nunca fiz mau a ninguém, e pretendo ser dessa mesma forma”, disse.
Justiça determina ‘soltura imediata’ de acusado de escravizar idoso em União — © Alyson Santos/BR104
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