“A culpa é “exclusiva” da vítima”, diz advogado do SAAE sobre acidente que mutilou o pé de porteiro

Marco Paulo afirmou à Rádio Quilombo que o SAAE não tem responsabilidade juridicamente, mas que a família está recebendo auxílio

"Até a morte eu já pedi para Deus", disse trabalhador, emocionado (Crédito: Reprodução/Doze em Ponto)

"Até a morte eu já pedi para Deus", disse trabalhador, emocionado (Crédito: Reprodução/Doze em Ponto)

União dos Palmares – O advogado do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) afirmou, nesta sexta-feira (26), em entrevista à Rádio Quilombo, durante o programa apresentado pelo chefe de gabinete da prefeitura de União dos Palmares, Hermes Marques, que a culpa do acidente que mutilou o pé do porteiro Carlos Fernandes de Aguiar, de 50 anos, “é exclusiva da vítima”.

“Como houve culpa “exclusiva” da vítima, o SAAE não tem responsabilidade juridicamente. Mas socialmente, o Wellington (diretor-presidente do SAEE) está fazendo a parte dele, do próprio bolso, porque está sensível com essa mulher, que, na minha opinião pessoal, está sendo até ingrata com ele. Ele está fazendo de tudo por essa mulher”, afirmou o advogado Marco Paulo Rodrigues de Oliveira, que responsabiliza o trabalhador pelo acidente.

A declaração foi dada após a repercussão da entrevista da esposa da vítima ao programa Doze em Ponto, nessa quinta-feira (25). Maria Rose afirmou que após o acidente, houve um acordo verbal com o diretor-presidente do SAAE, Wellington Ferreira, que prometeu uma ajuda de custo, mas sem nada documentado.

Ela declarou ainda que o diretor da empresa pediu para que ela não procurasse a imprensa para denunciar o caso. Com medo de represálias, ela preferiu se calar. “Me mandaram procurar a rádio, mas eu deixei o tempo passar porque não queriam que eu colocasse a “boca no trombone”. Quando meu marido disse que ia lá no SAAE, ele disse ‘não, não traga seu marido, deixe tudo encoberto’. E eu acreditei nele”, disse.

Nessa sexta-feira, o Doze em Ponto esteve na residência do trabalhador para mostrar o drama vivido por ele, que contou como ocorreu o acidente. Na entrevista, ele relata que estava em seu posto de trabalho, quando funcionários da empresa chegaram no condomínio em um caminhão limpa fossa. Ele abriu o portão e, ao retornar para a guarita, foi atingindo por uma mangueira que se soltou do veículo. O acidente ocorreu em 21 de novembro de 2018.

“Eu estava de costa quando ela (mangueira) pegou na minha nuca, e não vi mais nada. Meu pé acabou escorregando e eu só vi o carro passando e puxando minha perna. E aquela dor. Quando eu abri os olhos, eu vi a situação, e o veículo me puxando para a roda traseira. Eu segurei na quina e coloquei força, foi quando o caminhão passou de vez”, contou.

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Ele relatou ainda que tentou avisar ao motorista, gritando, mas ele não ouviu. Um outro funcionário do SAAE, que chegou momentos depois do ocorrido, o ajudou e ligou para a empresa, avisando sobre o que tinha acontecido com Carlos. Os funcionários, segundo ele, só chegaram horas depois ao local, quando o Samu já estava na ocorrência.

Bastante emocionado, o porteiro disse que passa por dificuldades financeiras, já que não pode caminhar devido os pinos nos pés, e que diante da difícil situação, pediu a morte para Deus. “Até a morte eu já pedi para Deus, porque ver um filho de nove anos dizer: ‘pai, eu queria isso’, e você não poder, é muito difícil”.

Confira a entrevista na íntegra: