De acordo com um relatório da consultoria Kaspersky, divulgado nesta terça-feira (16/3), o brasileiro foi o alvo mais visado no mundo em golpes com links falsos no WhatsApp em 2022. A empresa de cibersegurança identificou 76 mil tentativas de fraude apenas no ano passado.
Os estelionatários usam temas populares como isca para induzir pessoas a compartilhar dados pessoais – o golpe é chamado de phishing, em referência a uma pescaria. Essas informações são usadas em outras fraudes financeiras, como compra online, criação de contas laranja, entre outros crimes.
Os clientes de serviços de entregas foram os que sofreram a maior parte dos ataques, correspondendo a 27,38% das tentativas contabilizadas pela Kaspersky. Os fraudadores se passam por empresas de logística conhecidas e enviam e-mails sobre problemas com uma entrega.
“Se a vítima cair no golpe e fornecer essas informações, além do acesso à conta e a possível perda do dinheiro ali armazenado, ela pode perder sua identidade e credenciais bancárias, que podem ser vendidas na Dark Web”, alerta a empresa de cibersegurança.
Outros alvos populares de ataques de phishing incluem lojas virtuais (15,56%), sistemas de pagamento (10,39%) e bancos (10,39%).
O diretor da equipe de pesquisa da Kaspersky para a América Latina, Fabio Assolini, aponta que o crescimento do número de transações e interações digitais desde a pandemia de Covid-19 aumenta o risco desse golpe. “Muitos serviços de mensagem são acessados preferencialmente em dispositivos móveis. Isso aumenta a exposição dos brasileiros aos ataques”, explica.
De acordo com Assolini, poucos brasileiros têm aplicativos de segurança instalados no celular, o que também torna as pessoas do país mais suscetíveis ao ataque. Além disso, os navegadores de celular ainda têm menos proteções nativas contra ataques de phishing. Há limitações visuais para ver a URL completa.
Os dados foram compilados pela Kaspersky a partir de bloqueios realizados em aparelhos de clientes que usam soluções da empresa de cibersegurança e tinham o serviço de proteção em nuvem ativado (KSN). São mais de 400 milhões de usuários e 240 mil clientes corporativos ou governamentais. Os dados coletados são anônimos.
O WhatsApp concentra 82,71% dos links falsos bloqueados pela Kaspersky. Telegram vem atrás (14,12%), seguido por Viber (3,17%). O WhatsApp está instalado em 99% dos smartphones brasileiros, contra 60% no caso do Telegram, de acordo com levantamento do site Mobile Time.
Além do Brasil, completam a lista de países que mais sofrem com golpes no WhatsApp: Rússia (76 mil), Índia (21 mil), Itália (11 mil), Alemanha (11 mil), México (11 mil) e África do Sul (10 mil). No Telegram, o Brasil fica em segundo lugar com 3,8 mil tentativas de phishing. A Rússia lidera (21 mil).