Cordelista de Santana do Mundaú preserva e renova a literatura de cordel no estado

Em seu último trabalho, Cícero organizou uma antologia que reuniu 16 cordelistas do Vale do Mundaú

Em 2017, o cordelista foi um dos fundadores da 1° Academia Alagoana de Literatura de Cordel (Crédito: Cortesia)

Em 2017, o cordelista foi um dos fundadores da 1° Academia Alagoana de Literatura de Cordel (Crédito: Cortesia)

Santana do Mundaú – Natural de Garanhuns (PE), Cícero Manoel, de 28 anos, vive com a família na zona rural de Santana do Mundaú, e é cordelista desde os 16 anos. Recentemente, ele organizou uma antologia de poesia popular, onde 16 poetas do Vale do Mundaú tiveram participação.

A paixão pela escrita começou quando o jovem cordelista escrevia os folhetos sem saber o que era cordel. “A minha paixão pelo cordel começa quando eu conheço o cordel, porque eu comecei a fazer o cordel sem saber o que era. Quando eu descobri o cordel na sala de aula, através de uma professora, foi quando eu me apaixonei mesmo pelo cordel”.

Nas escritas, Cícero falou que costuma retratar os acontecimentos da sociedade no dia-a-dia. “Eu coloco nos meus cordéis, as histórias da minha terra, os causos. Coloco aquilo que eu vejo na nossa sociedade de hoje, os acontecimentos, os personagens. É esse tipo de coisa que eu coloco nas minhas obras”.

Filho de agricultores, o cordelista enfrentou várias dificuldades até chegar à universidade e publicar seu primeiro livro. Hoje, suas obras são estudadas por alunos de escolas, de faculdades e professores. O jovem também tem se tornado referência em todo o estado, quando fala-se de literatura de cordel.

“Eu não esperava. Eu que venho da roça, de família simples, não esperava isso. Hoje meu trabalho tem chegado a vários lugares. Hoje é um trabalho de referência no estado quando se fala em literatura de cordel. Estamos aí, sempre trabalhando, lutando”, ressalta.

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Seu primeiro livro foi publicado com patrocínio da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Versos de um Cordelista, publicado em 2014, era um sonho antigo do jovem. Em 2016, participou do edital de Obras Literárias da Imprensa Oficial Graciliano Ramos e foi um dos contemplado, onde veio o segundo livro: Um Cordel Atrás do Outro, lançado em 2017, durante a 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Em 2017, o cordelista foi um dos fundadores da 1° Academia Alagoana de Literatura de Cordel. Recentemente, Cícero organizou uma antologia que reuniu 16 cordelistas do Vale do Mundaú. Ainda este ano, o jovem cordelista pretende lançar mais um livro, além da realização de uma feira de cordel, em Maceió.

Para ele, ver essas obras sendo trabalhadas e estudadas nas salas de aula, além de uma honra, é um sonho realizado. “É um sonho concretizado, graças a Deus. Hoje eu me sinto realizado”, afirma.

Literatura de cordel vira patrimônio cultural do Brasil

A literatura de cordel recebeu, em 19 de setembro de 2018, pelo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. O tombamento foi aprovado por unanimidade em uma reunião no Rio de Janeiro com o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.