Após mais de 20 horas de debates, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta sexta-feira (11/12) um projeto de lei que legaliza o aborto no país. Agora, o texto ainda precisa passar pelo Senado argentino, que terá a palavra final. Caso seja aprovado, passa a ser lei.
Foram 131 votos a favor, 117 contra e 6 abstenções. O projeto tem apoio do presidente do país, Alberto Fernández, e permitirá o aborto até 14ª semana de gestação. Ao longo das discussões, manifestantes a favor e contra a proposta se aglomeraram nas ruas do lado de fora do Congresso.
“A vida começa na concepção e você tem que defendê-la. A Argentina já votou há dois anos e votou a favor da vida, a Argentina é um paraíso e vai mostrá-la de novo desta vez”, diz Cristina, de 37 anos, que segurava um cartaz com os dizeres: “Adote, não aborte”.
Grupos favoráveis ao projeto fizeram uma vigília que atravessou a madrugada. “Temos a mesma lei há 100 anos e as mulheres nunca paravam de abortar. O debate não é aborto sim ou aborto não, é aborto legal ou aborto clandestino. O Estado tem uma dívida histórica conosco e tem que saldá-la”, reclamava Marina, de 16 anos.
Desde 1921, o aborto na Argentina é crime punível com até 4 anos de prisão, exceto em caso de estupro ou risco de vida da mãe. Em 2018, um projeto semelhante passou pelos deputados, mas foi rejeitado no Senado. Naquela ocasião, a margem da aprovação foi menor que a desta sexta: foram 129 a favor e 125 contra.
Já havia amanhecido quando o resultado saiu, e as milhares de pessoas que aguardavam o fim da votação manifestaram suas reações. Abraços, pulos e choros foram visto pelas pessoas que estavam do lado “verde”, favorável à legalização. De “assassinos” chamavam as do lado “celeste”, contrárias à proposta.