Candidato a prefeito no MA é acusado de matar o pai para ‘evitar descoberta de furtos’

Segundo a Justiça, Júnior roubava gados das fazendas do pai para honrar dívidas de sua campanha eleitoral, e o matou para não ser descoberto.

Júnior do Nerzim ao lado do pai em 2016 — © Reprodução

Júnior do Nerzim ao lado do pai em 2016 — © Reprodução

O empresário Manoel Mariano de Souza Filho (PSC), conhecido como “Júnior do Nenzim” e candidato a prefeito de Barra do Corda, no Maranhão, é acusado de matar o pai, que já comandou a cidade por três vezes. Manoel nega o crime, que aconteceu em 6 de dezembro de 2017.

O apelido de Júnior é referência ao pai, Manoel Mariano de Sousa, mais conhecido como “Nenzim”, assassinado aos 78 anos, com um tiro na lateral direita do pescoço. O inquérito policial concluiu que o disparo foi dado à queima-roupa, de uma distância estimada entre 5 cm e 30 cm.

No entanto, a versão contada por Júnior traz o relato de que no dia do crime, ele tinha ido à casa do pai para levá-lo a uma reunião com o advogado da família. No caminho, a camionete fez uma parada numa rua deserta no loteamento Morada do Rio Corda, porque, segundo ele, o pai havia pedido para urinar.

Neste momento, Júnior disse ter escutado um barulho do lado de fora do veículo, Ele chamou pelo pai, mas não teve resposta.”Eu disse: ‘Pai, você tá passando mal?’ Aí também ele não falou mais. Eu fiquei já sem ação”, disse o candidato em depoimento ao juiz de Barra do Corda no ano passado.

Ele afirmou que telefonou para seu advogado, Luís Augusto Bonfim Neto, para dizer que “Nenzim” estava “passando mal”. Antes de chegar à casa do advogado, disse Júnior, ele viu “um pouquinho de sangue” saindo do ouvido do pai, que também teria vomitado.

Manoel chega para depor à polícia em 2017 sob acusação de ter matado o pai — © Frame internet/TV Cidade Presidente Dutra

O idoso foi levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde Júnior também precisou ser atendido porque teria passado mal. O ex-prefeito foi então transferido para um hospital em outra cidade, a 100 km de Barra do Corda, mas morreu no meio do caminho.

Para o Ministério Público (MP), o depoimento de Júnior é “insustentável” e que a Polícia Civil identificou que o carro em que ele estava com o pai passou por uma limpeza completa após o crime. O veículo “foi apreendido já lavado e sem o banco do passageiro, que havia sido retirado porque estava encharcado de sangue”.

Segundo a Justiça, Manoel roubava gados das fazendas do pai para honrar dívidas de sua campanha eleitoral e que o crime aconteceu depois que Nenzim pediu para o filho que fosse com ele para recontar os animais. Ele então o matou para “evitar a constatação dos furtos”.

Júnior ficou preso até outubro de 2019, quando 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão aceitou um habeas corpus para que ele aguarde o julgamento em liberdade. Ele alega que não pode ser impedido de se candidatar porque ainda não tem uma condenação.

*com Agências