A quem interessa Renan Filho reabrir Maceió?

Se o governador fosse determinar a reabertura do comércio das cidades com base em estatísticas da Covid-19, Maceió seria a última a ser reaberta.

Governador Renan Filho e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira - Divulgação

Governador Renan Filho e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira - Divulgação

No fim da tarde desta terça-feira (30), o governador de Alagoas, Renan Filho, comunicou através de uma coletiva de imprensa, a flexibilização de reabertura de parte do comércio da capital alagoana.

O governador usou como justificativa para sua decisão, as estatísticas relacionadas ao número de contaminação e de óbitos por Covid-19, que, segundo dados apresentados durante a coletiva, estão despencando em Maceió.

Com isso, Renan decidiu iniciar a flexibilização de alguns setores do comércio apenas em Maceió, o interior continua em isolamento social.

Por quê reabrir Maceió?

O que está por trás da flexibilização apenas do comércio de Maceió? Usar o argumento de que o número de mortes na capital está caindo, enquanto no interior está aumentando, para reabrir Maceió e manter o interior fechado, gerou dúvidas em comerciantes que estão sem poder trabalhar desde março.

Essas duvidas se baseiam no fato de que, Maceió, embora seja a capital, é apenas uma cidade entre 102, e que tem ainda mais problemas com a pandemia quanto as outras.

Entenda a incoerência:

Levando em consideração esses dados, por que reabrir Maceió, e manter fechado o comércio em Inhapi, cidade com 4 casos confirmados e nenhum óbito?

Alagoas não cumpre requisitos da OMS para reabrir

Alguns dados que foram apresentados pelo governador durante a coletiva de imprensa, se referem, por exemplo, ao número de; Leitos exclusivos para pacientes com Covid-19, Leitos clínicos, UTI’s intermediárias e UTI’s.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os países tenham de 1 a 3 leitos disponíveis em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para cada 10 mil habitantes.

Em Alagoas, com 3,3 milhões de habitantes, o Estado possui, durante a pandemia, 1 leito de UTI para cada 13 mil habitantes. Por tanto, bem abaixo do que preconiza a OMS.

Embora Renan Filho, junto com o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Ayres, tenham comemorado uma redução no número de leitos ocupados, Alagoas tem, segundo a própria Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), 82,94% de UTI’s ocupadas. Sendo assim, se for levado em consideração as orientações da OMS, no que se refere a leitos de UTI, Alagoas ainda precisaria adquirir novos leitos antes mesmo de pensar em reabrir ou flexibilizar o comércio.

Confira como estão as ocupações dos leitos em Alagoas:

Gráfico de leitos para Covid-19

Índice de isolamento social em Alagoas

Uma outra recomendação da OMS, é que a taxa de isolamento social ideal para impedir o  avanço da COVID-19, seja de 60% a 70%.

Em Alagoas, segundo a startup Inloco, que mostra o percentual da população que está respeitando a recomendação de isolamento, baseado na geolocalização de celulares, a taxa de isolamento social no dia 29 de junho, foi de 43,1%.

Índice de isolamento social em Alagoas

Por fim, a quem realmente interessa Renan Filho reabrir Maceió?

[sliderpro id=”7″]