No fim da tarde desta terça-feira (30), o governador de Alagoas, Renan Filho, comunicou através de uma coletiva de imprensa, a flexibilização de reabertura de parte do comércio da capital alagoana.
O governador usou como justificativa para sua decisão, as estatísticas relacionadas ao número de contaminação e de óbitos por Covid-19, que, segundo dados apresentados durante a coletiva, estão despencando em Maceió.
Com isso, Renan decidiu iniciar a flexibilização de alguns setores do comércio apenas em Maceió, o interior continua em isolamento social.
Por quê reabrir Maceió?
O que está por trás da flexibilização apenas do comércio de Maceió? Usar o argumento de que o número de mortes na capital está caindo, enquanto no interior está aumentando, para reabrir Maceió e manter o interior fechado, gerou dúvidas em comerciantes que estão sem poder trabalhar desde março.
Essas duvidas se baseiam no fato de que, Maceió, embora seja a capital, é apenas uma cidade entre 102, e que tem ainda mais problemas com a pandemia quanto as outras.
Entenda a incoerência:
- Se o governador fosse determinar a reabertura do comércio das cidades com base em estatísticas da Covid-19, Maceió seria a última a ser reaberta.
- Maceió sozinha tem 15.404 casos confirmados de Covid-19, enquanto os outros 101 municípios, juntos, somam 20.558.
- 20 cidades alagoanas não registraram nenhum óbito em decorrência da Covid-19, enquanto Maceió, segundo dados “atrasados” da Sesau, já registrou 600.
Levando em consideração esses dados, por que reabrir Maceió, e manter fechado o comércio em Inhapi, cidade com 4 casos confirmados e nenhum óbito?
Alagoas não cumpre requisitos da OMS para reabrir
Alguns dados que foram apresentados pelo governador durante a coletiva de imprensa, se referem, por exemplo, ao número de; Leitos exclusivos para pacientes com Covid-19, Leitos clínicos, UTI’s intermediárias e UTI’s.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os países tenham de 1 a 3 leitos disponíveis em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para cada 10 mil habitantes.
Em Alagoas, com 3,3 milhões de habitantes, o Estado possui, durante a pandemia, 1 leito de UTI para cada 13 mil habitantes. Por tanto, bem abaixo do que preconiza a OMS.
Embora Renan Filho, junto com o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Ayres, tenham comemorado uma redução no número de leitos ocupados, Alagoas tem, segundo a própria Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), 82,94% de UTI’s ocupadas. Sendo assim, se for levado em consideração as orientações da OMS, no que se refere a leitos de UTI, Alagoas ainda precisaria adquirir novos leitos antes mesmo de pensar em reabrir ou flexibilizar o comércio.
Confira como estão as ocupações dos leitos em Alagoas:
Índice de isolamento social em Alagoas
Uma outra recomendação da OMS, é que a taxa de isolamento social ideal para impedir o avanço da COVID-19, seja de 60% a 70%.
Em Alagoas, segundo a startup Inloco, que mostra o percentual da população que está respeitando a recomendação de isolamento, baseado na geolocalização de celulares, a taxa de isolamento social no dia 29 de junho, foi de 43,1%.
Por fim, a quem realmente interessa Renan Filho reabrir Maceió?
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