Doença da “urina preta”: Dois casos são investigados em Alagoas

As vítimas estão internadas em um hospital particular da capital. Elas teriam consumido peixe durante um almoço em um restaurante na Massagueira, em Marechal Deodoro.

Sindrome de Haff e a urina preta

Sindrome de Haff e a urina preta

Dois supostos casos da Síndrome de Haff, popularmente conhecida como doença da “urina preta”, estão sendo investigados pela Vigilância Sanitária de Marechal Deodoro, região Metropolitana de Maceió. As vítimas estão internadas em um hospital particular da capital.

Conforme relatos de parentes, as duas pessoas apresentaram sintomas característicos da doença, como dores musculares e no pescoço, dificuldade para ficar em pé e a coloração escura da urina. Eles teriam consumido peixe durante um almoço em um restaurante na Massagueira.

A Secretaria de Saúde informou, por meio de uma nota, que diante da hipótese, realizou a interdição cautelar de, em média, 32kg de peixes e encaminhou o produto para análise no Laboratório Central de Saúde Público de Alagoas (Lacen/AL) em parceria com um laboratório especializado.

“O material será rigorosamente examinado e mediante o resultado do laudo, o LACEN-AL e a Vigilância Sanitária de Marechal Deodoro darão prosseguimento à investigação”, informa a VISA na nota.

O Lacen/AL destacou que recebeu as amostras do pescado e revelou que está em processo de análise. O laboratório ressaltou ainda que não há um prazo determinado para a conclusão, uma vez que o processo requer minucioso estudo para comprovar ou descartar a presença da toxina proveniente de algas marinhas no pescado analisado.

Síndrome de Haff

A doença de Haff está associada à ingestão de crustáceos e pescados, e o principal sintoma é o escurecimento da urina, que chega a ficar da cor de café. A síndrome pode evoluir rapidamente: os primeiros sintomas surgem entre 2 e 24 horas após o consumo de peixe, e causa, principalmente, a ruptura das células musculares.

Um dos sintomas da doença, a urina escurecida é uma consequência da liberação de uma substância chamada miogobina no corpo. Essa proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose muscular – outro sintoma provocado pela Síndrome.

A doença chamou a atenção da sociedade em março deste ano, quando a veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, morreu após passar 12 dias internada na UTI de um hospital particular do Recife. A suspeita é de que ela tenha contraído a síndrome após consumir um peixe contaminado.

Os estudos científicos publicados até o momento sobre a doença no Brasil relatam que os casos aconteceram após a ingestão dos peixes tambaqui, olho de boi, badejo, pacu-manteiga, pirapitinga e arabaiana — este último foi o peixe ingerido pela veterinária.