Alagoas

18 de junho de 2010: Um dia que já dura nove anos

Há exatamente 9 anos, milhares de famílias estavam perdendo tudo, quando o nível do rio Mundaú subiu seis metros e devastou cidades

Publicado: | Atualizado em 18/06/2020 01:10


Rio Mundaú em União dos Palmares
Rio Mundaú em União dos Palmares

Alagoas — Era uma sexta-feira, dia 18 de junho de 2010, quando as notícias estariam voltadas para cidades do interior de Alagoas. Há exatamente 9 anos, milhares de famílias estavam perdendo tudo, quando o nível do rio Mundaú subiu seis metros, invadiu ruas e causou estragos nunca vistos na região do Vale do Mundaú.

A desolação diante da destruição causada pela enchente era um sentimento que saltava aos olhos dos moradores das cidades castigadas pela força da água. Foram 19 cidades atingidas e  mais de 200 mil pessoas, entre desabrigados, desalojados, desaparecidos e mortos.

Nas regiões mais afetadas, pontes, ruas e redes de eletrificação foram totalmente destruídas. A cidade de Branquinha, por exemplo, foi praticamente varrida do mapa: escolas, postos de saúde, hospitais, prédios públicos, tudo foi arrasado pela força das águas.

À época, em União dos Palmares, a 80 km de Maceió – um dos municípios mais atingidos, a primeira impressão de quem chegava às quatro ruas às margens do rio Mundaú, onde a cidade “nasceu”, era de que uma bomba tinha sido lançada sobre o local.

Somente na região conhecida como Jatobá, próxima à ponte que liga a cidade a Serra da Barriga (onde existiu o maior quilombo brasileiro e que consagrou Zumbi dos Palmares como herói nacional), cerca de mil casas foram completamente destruídas.

Além de União dos Palmares e Branquinha, foram atingidos pelas enchentes os município de:

  • Anadia;
  • Atalaia;
  • Satuba;
  • Jundiá;
  • São José da Laje;
  • Jacuípe;
  • São Luís do Quitunde;
  • Matriz de Camaragibe;
  • Paulo Jacinto;
  • Quebrangulo;
  • Murici;
  • Santana do Mundaú;
  • Capela;
  • Cajueiro;
  • Viçosa;
  • Rio Largo;
  • Maragogi;
  • Marechal Deodoro;
  • Joaquim Gomes.

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© Reprodução/Internet

© Reprodução/Internet

Levada pela enxurrada: ‘Eu pensava que iria morrer’

Entre as histórias, a da dona de casa Lúcia Maria Correia de Lima, chama a atenção. Ela contou que estava em casa, em Branquinha, quando sua madrinha a convidou para ficar em seu lugar como merendeira de uma escola, localizada no Sítio Duas Estradas, na zona rural da cidade.

“Ela era merendeira e tinha que viajar para Pernambuco, só que não tinha ninguém para ficar no lugar dela. Então, ela veio aqui e me chamou. Como eu precisava, acabei aceitando. Eu fui na quinta-feira pela tarde, só que ninguém esperava isso, quando foi na sexta aconteceu [a cheia]”, contou.

Preocupada, vendo o nível da água subir, perguntou a uma vizinha – esta falecida – se o lugar onde ela estava corria risco de ser invadido pelas águas, tendo sempre reposta negativa. “Eu perguntava se a água invadiria onde eu estava, quando ela foi olhar pela última vez, a água já foi invadindo tudo. Nós não tivemos como sair”, relembra.

Sem poder sair, ela e mais sete pessoas subiram no telhado de uma residência. No entanto, a estrutura do imóvel acabou desabando e todos foram levados pela enxurrada. “Assim que eu cai, tentei levantar para respirar. Na hora que a casa caiu e eu desci, eu achava que iria morrer”, disse ela, afirmando que a fé e a vontade de cuidar dos netos a salvou.

A história fica ainda mais surpreendente quando ela conta que desceu da cidade onde morava até Murici, outro município atingido pela cheia. Muito cansada, se segurou em um botijão que boiava nas águas e acabou batendo em uma árvore, onde ficou presa e só saiu na tarde do dia seguinte.

“Ainda chovia, mas de forma fraca. Por volta das 16h30 do sábado, o rio começou a baixar e, por volta das 17h, vários homens conseguiram me socorrer. Um deles amarrou um fio na cintura e mergulhou, enquanto os outros o seguravam. Ele mandou eu apoiar nas costas dele e me levou até o outro lado”, contou.

Diante das memórias de uma dia que marca sua vida até hoje, a única coisa que resta para dona Lúcia é agradecer pela vida e por ter tido a chance de cuidar dos netos, o que tanto pediu a Deus. “Todo dia eu agradeço a Deus por estar aqui viva. Tanta gente que sabia nadar, morreu. Já eu que não sei, estou aqui viva”, diz emocionada.


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