Vítimas da enchente de 2010 em União dos Palmares ainda esperam por casas

Depois de construídas, as casas dos conjuntos habitacionais destinadas às vítimas da enchente acabaram sendo invadidas

Vítimas da enchente de 2010 em União dos Palmares ainda esperam por casas — © BR104

Vítimas da enchente de 2010 em União dos Palmares ainda esperam por casas — © BR104

União dos Palmares — Há quase uma década, Alagoas era atingida por uma enchente que devastou vários municípios e destruiu o sonho de várias famílias alagoanas. Foram 19 cidades castigadas pela força da água e mais de 200 mil pessoas, entre desabrigados, desalojados, desaparecidos e mortos.

Apesar do tempo, ainda é possível ver nos olhos das vítimas de uma das maiores catástrofe naturais do estado, um sentimento de desolação e esquecimento. Desde 2010, em União dos Palmares, centenas de famílias vivem a angustia da espera pela tão sonhada moradia.

Depois de construídas, as casas dos conjuntos habitacionais destinadas às vítimas da enchente acabaram sendo invadidas por pessoas que até hoje moram nos imóveis. Enquanto isso, as famílias que têm direito a essas habitações, pagam aluguel ou vivem na casa de familiares.

A fala de um secretário municipal assombrou ainda mais a vida dessas famílias. Segundo ele, “a prefeitura não tem interesse em retirar esses invasores das residências”, causando ainda mais desesperança para quem de fato tem direito aos imóveis.

“Junto com o Ministério Público Federal e com Justiça Federal, nós estamos trabalhando para que não haja mais reintegração de posso no Conjunto Nova Esperança, devido a sobra de casas que vai acontecer e o desgaste social, já que muitas pessoas vivem aqui há mais de 7 anos”, disse o secretário.

Um morador disse temer que quando as casas foram entregues, elas já não estejam mais em condições de serem habitadas. “Porque a maioria das casas que têm, muita gente não vai aceitar, quando chegar lá só tem as paredes. O cabra vai reformar uma nova casa?”, questionou.

“Eu estou achando que não sai mais, estou desacreditado. Já faz dez anos, né? Eu queria que adiantasse essas questões para ver como vai ficar, pois quanto mais o tempo passa fica pior. Ai chega o comendo da pessoa dizer ‘quero mais não’ e deixar pra lá”, acrescentou o morador.

Ao BR104, o procurador do município reforçou que a prefeitura não tem interesse em retirar os invasores dos imóveis. “Existem pessoas que estão naqueles imóveis e que já fazem parte de um contexto de criação da própria família dentro daquele imóvel. Então nós temos dois conflitos sociais: um dos que já estão e outro de quem ainda não tem casa”, disse o procurador.

Ainda segundo o procurador, cerca de 300 famílias ainda falta sem contempladas. “A administração pública fez a relação, mandou isso desde há época da época da dona Lídia Campos, que fez todo o cadastro das pessoas, enviou para a Caixa Econômica, e depois daí, essa parte não competia ao município”.

“Acho que seria até interessante provocar a própria Caixa Econômica para fazer a seguinte pergunta: Depois desse tempo todo, o que é que falta Caixa Econômica? É uma pergunta que deve ser voltada diretamente a ela, pois tudo o que nos pedem, temos feito”, afirmou.

Nossa reportagem procurou a Caixa Econômica Federal, que ainda não se pronunciou a respeito do caso.