O corpo da ceramista Marinalva Bezerra da Silva, de 83 anos, foi sepultado no Cemitério Campo Santo dos Palmares, nesta quinta-feira (28/01), em União dos Palmares. A cerimônia, marcada por forte comoção, reuniu amigos e familiares da mulher que era considerada uma mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas.
Mestra Marinalva nasceu, cresceu e morou no Povoado Muquém, comunidade remanescente do grandioso Quilombo dos Palmares, onde foi velada durante a manhã e a tarde de ontem. Conforme o atestado de óbito, ela morreu em decorrência de complicações cirúrgicas.
Ceramista há mais de 50 anos, Marinalva tirava o sustento de sua família do barro corrido às margens do rio Mundaú, e produzia peças de cerâmica utilitária com movimentos contínuos e sem torno. Entre as suas produções estão as panelas, os potes, as moringas, entre outras que são utilizadas no dia a dia.
“Não é só a perda de uma artesã, é a perda de uma amiga e de uma guerreira. Porque a minha mãe sempre foi uma guerreira. Ela foi embora, mas o seu legado continua. […] Apesar da idade, ela ainda trabalhava. Criou cinco filhos da panela de barro”, disse um dos filhos da artesã.
Também esteve presente na despedida, a ex-secretária de Cultura, Dorinha, que lamentou a morte da artesã: “Para a comunidade, é um pouco da nossa história que está indo embora. Não vai, porque a gente vai tentar manter viva essa relíquia. Ela morreu, mas a obra dela vai permanecer.”
Confira a reportagem de Alberto Vanderlei, na íntegra, abaixo: