Mãe denuncia descaso com bebê internada no HRM: ‘Ficou sem comer e recebeu gogó azedo’

Genitora fez um longo desabafo nas redes sociais. Criança deu entrada no hospital com sintomas de gripe, como febre e falta de ar.

Diagnóstico de bronquite dado pelo médico de clínica particular | © Reprodução

Diagnóstico de bronquite dado pelo médico de clínica particular | © Reprodução

Em um longo desabafo publicado nas redes sociais, a jovem Fabricia Silva fez uma série de denúncias em relação ao atendimento dado à sua filha, a pequena Aylla Sales, uma bebê de apenas seis meses, pela equipe do Hospital Regional da Mata (HRM), situado em União dos Palmares.

Fabricia conta que tudo começou na última quinta-feira (10/3), quando a criança deu entrada na unidade apresentando sintomas de gripe, como febre alta e falta de ar. Foi feita uma lavagem, por meio de uma sonda no nariz e na boca, para minimizar a secreção da pequena e, em seguida, um exame de Raio-x.

“Levaram minha filha para a sala de observação. Ninguém foi olhar ela para ver o cansaço dela, para ver se ela estava precisando ainda de oxigênio, pois ela chegou ao hospital respirando com a ajuda do oxigênio. Quando atendida pelo médico, ele não a examinou de maneira adequada, apenas a olhou à distância e não falou nada”, afirmou.

“Para se ter uma noção da gravidade da situação, sequer foi realizada a “entrevista” de maneira adequada, perguntando de todos sintomas, quando surgiram, há quanto tempo ela estava doente ou se ela tinha alergia a algum medicamento, por exemplo”, complementou Fabricia.

No texto, a jovem relata que, no dia seguinte (11), Aylla saiu da sala de observação e foi internada com diagnóstico de pneumonia. Porém, as enfermeiras teriam colocado a bebê em uma sala fria, com ar-condicionado ligado 24 horas. Mesmo tendo solicitado o desligamento do equipamento, a mãe não teve o pedido atendido.

“Passamos o dia todo pedindo e ninguém veio. Minha filha agora está com tosse, corizando com frequência e a febre só aumenta. Na hora dos medicamentos, ao invés deles [enfermeiros] darem para o paciente, eles deixam o remédio aqui em seringas para que eu dê para minha filha, sejam injetáveis ou não”, expôs a mulher.

E continua: “No sábado (12), furaram ela várias vezes para tentar colocar soro, sempre dando errado, (segundo elas é normalmente pq ela é apenas uma bebê de 06 meses aí veia de criança é difícil mesmo). Pela tarde, umas 15h, veio uma enfermeira colocar uma medicação (não sei o nome porque elas quando dão qualquer remédio não falam o nome), e começou a injetar a medicação e o braço da minha filha começou a inchar na hora que ela estava aplicando, eu mandei tirar aquilo da minha filha porque estava machucando-a.”

No mesmo dia, ainda segundo a mãe da criança, a filha e outra paciente especial teriam recebido gogó azedo. Indignada, ela reclamou da situação, mas não teve atenção. A bebê teria ainda passado 14 horas sem se alimentar, pois a última refeição teria sido ofertada às 21h do dia anterior, na sexta. “Precisei gritar, e mesmo assim, depois da minha filha passar a noite toda sem comer nada”, disse.

A mulher também denuncia que seu marido, ao levar roupas para ela e a filha, teve que esperar mais de uma hora, tendo ela mesma que ir pegar as vestimentas, com a menina no braço. E que momentos depois, ela foi questionada pela assistente social por ter deixado a sala sem autorização.

“Antes de sair, falei com as enfermeiras e elas nem deram atenção, então fui sim sem permissão de ninguém buscar minhas coisas, até porque aqui para receber visitas é por caras, uns pode e outros não. Fui bastante educada com a assistente, falei na frente dela para o meu marido de como está sendo o atendimento, de como eles não estão cuidando direito dela, reclamei do gogó azedo e ela ainda me perguntou se estava azedo mesmo, insinuando que eu estava mentindo, sendo que a minha filha e a filha de outra paciente também recebeu gogó azedo. Então voltei para o quarto novamente acompanhada da assistente e quando chegou no quarto ela quis falar de qualquer forma comigo, eu a rebati no mesmo tom de voz na frente da enfermagem, ela ainda ameaçou de chamar o conselho tutelar para mim só porque estava reclamando com razão de tudo de errado que vem acontecendo”, escreveu.

Por fim, a mãe de Aylla encerra o texto dizendo que foi orientada pela assistente social a procurar outra profissional do HRM e que se ela “não estivesse satisfeita, era só procurar um hospital particular ou clínicas daqui de União dos Palmares e internar minha filha”.

Foi o que ela fez. Nesta segunda-feira (14), Fabricia foi até uma clínica particular e lá a filha recebeu o diagnóstico de bronquite, diferente do que havia sido dado pelo médico do HRM.

Aylla agora está sendo tratada em casa e passa bem. “[…] Eu sou mãe e vou reclamar, gritar se for preciso pela saúde da minha filha”, finaliza.

O que diz o HRM

O BR104 procurou o Hospital Regional da Mata e pediu um posicionamento em relação ao caso. O hospital, por meio de nota, se limitou a dizer que a criança foi atendida pela pediatria, e após realização de exame físico e de imagem, foi diagnosticada com pneumonia e internada para tratamento.

A assessoria disse ainda que “a genitora questionou por diversas vezes a equipe multidisciplinar sobre quando a paciente receberia alta, e ao ser informada de que esta possivelmente ocorreria nessa segunda-feira (14/03) evadiu levando a criança, interrompendo assim, a continuidade do tratamento que lhe é de direito”.