
Uma gestante denunciou ter sido vítima de negligência e maus-tratos por parte de alguns médicos e enfermeiros do Hospital Regional da Mata (HRM), em União dos Palmares. Segundo o relato, o atendimento foi marcado por agressividade, descaso e ironia, colocando em risco a saúde da mãe e do bebê.
De acordo com a denúncia, a gestante começou a sentir dores intensas e perda de líquido no último domingo (23), com as contrações se intensificando durante a madrugada de segunda-feira (24).
Já na noite da segunda, por volta das 23h, a mulher procurou o HRM em busca de atendimento. No entanto, o médico responsável pelo exame realizou o toque vaginal de forma brusca e agressiva, causando dor e ardência na paciente, além de atendê-la de maneira irônica e desrespeitosa.
A equipe médica alegou que a gestante estava com 38 semanas e que, por esse motivo, o parto não seria realizado, pois ela não estaria em trabalho de parto ativo. No entanto, a paciente já havia completado 39 semanas e 5 dias.
Durante toda a madrugada, a gestante e outras pacientes permaneceram sentindo fortes dores, enquanto o médico e a equipe de enfermagem negligenciavam a assistência – chegando a ser constatado que alguns profissionais estavam dormindo.
Na manhã de terça-feira (25), a gestante recebeu alta, com a justificativa de que suas dores eram apenas contrações de treinamento, já que ela não demonstrava sinais evidentes de dor, como gritos.
No entanto, ao retornar para casa, as dores se intensificaram, e às 15h43 houve a ruptura definitiva da bolsa. Diante disso, às 18h04, a mulher voltou ao HRM, onde foi novamente atendida pelo mesmo médico.
Mais uma vez, ele insistiu que a paciente não estava em trabalho de parto e que não havia atingido a idade gestacional adequada, mesmo estando com 39 semanas e 6 dias.
Outra médica reforçou a negativa de atendimento e afirmou que o parto não seria realizado. Além disso, o médico declarou que não se responsabilizaria por qualquer complicação e transferiu a responsabilidade para a equipe de enfermagem, que continuou agindo com descaso e ironia.
Ao insistirem por um atendimento adequado, o profissional alterou o tom de voz e reafirmou que o parto não seria realizado. Mesmo com a gestante completando 40 semanas nesta quarta-feira (26), a equipe continuou negando o atendimento.
A paciente ainda relatou dor e ardência no local do exame de toque, ao que o médico atribuiu os sintomas a uma possível infecção urinária. No entanto, exames posteriores não identificaram nenhuma infecção.
Por volta das 21h, a equipe médica orientou os acompanhantes a aguardarem fora da sala de atendimento. A família permaneceu na porta do hospital até as 22h40 sem qualquer suporte, enquanto funcionários da unidade chegaram a rir da situação.
Ainda segundo a denúncia, o médico mentiu à assistência social, afirmando que a gestante estava recebendo todo o suporte necessário.
Ao ser confrontada sobre a falta de atendimento, a assistência se limitou a dizer que não poderia fazer nada. Ao sair da unidade, o médico se despediu de forma irônica, dizendo: “Tchau, vá com Deus.”
Na noite de ontem (26), a gestante voltou ao HRM e, inicialmente, foi bem atendida pela enfermeira responsável pela triagem. No entanto, a situação voltou a piorar com a chegada das médicas, que fizeram questionamentos de forma grosseira e se recusaram a realizar o parto.
Uma das médicas chegou a afirmar que o procedimento só seria feito por ordem do hospital, pois, se dependesse dela, o parto não aconteceria. Além disso, insinuou que a denúncia feita pela gestante contra os profissionais poderia resultar em processo.
Após a pressão, a equipe médica finalmente realizou o parto. O bebê nasceu saudável, com tamanho e peso adequados. A mãe passou por uma cesariana e está se recuperando na unidade de saúde.