União dos Palmares

Acusado de escravizar idoso em União pode ter sido vítima de trama

A denúncia que levou a polícia ao suposto caso de cárcere privado foi feita através do Disque Direitos Humanos, o Disque 100

Publicado: | Atualizado em 26/08/2019 07:02


União dos Palmares — Em entrevista exclusiva ao Portal BR104, Ademílson da Silva, de 53 anos, acusado de manter um ancião de 72 anos em regime de trabalho análogo à escravidão, em União dos Palmares, deu sua versão sobre o caso e afirmou ter sido vítima de uma ‘trama’ para prejudicá-lo.

A denúncia que levou a polícia ao suposto caso de cárcere privado foi feita através do Disque Direitos Humanos, o Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e narrava que o idoso era mantido assim desde 2015.

De acordo com a denúncia, Francisco Bezerra Silva teria sido “contratado” pelo acusado. O acordo estipulava que ele deveria receber o valor de R$ 300 mensais, porém nunca foi pago pelo serviço. Ainda conforme a denúncia, o idoso se sentia ameaçado, pelo fato do “patrão” sempre andar com seguranças armados.

Os fatos narrados durante entrevista ao portal, mostram uma versão diferente do que foi relatado pelo denunciante. À reportagem, o ancião disse que nunca passou fome e que nem tampouco se alimentava de ratos ou lagartixas. “Eu nunca comi rato. Lá eu comia salame, galinha, massa de milho, arroz, açúcar, macarrão”, disse.

Questionado sobre ter sido mantido em cárcere, Francisco disse que sempre foi bem tratado por Ademílson e que tinha um bom relacionamento com os vizinhos, com quem compartilhava o que era plantado por ele próprio em um sítio onde morava, localizado no assentamento Santa Quitéria, na zona rural de União dos Palmares.

Preso desde a última quinta-feira (22), Ademílson nega que tenha mantido o idoso como seu funcionário, e explicou que a denúncia partiu de seus ‘inimigos’. Ele relatou que Francisco foi morar em suas terras por vontade própria, e que depois de um certo tempo, avisou ao idoso que não poderia mais mantê-lo com recursos próprios [Confira a reportagem na íntegra abaixo].

“Durante um ano a um ano e pouco, eu fiquei dando um sustento a mais para ele, de R$ 200, mas não por muito tempo porque não tive mais condições. Daí conversei com ele e disse: ‘olhe, não tenho mais condições de manter o senhor aqui, eu dando uma coisa a mais. O senhor tem que plantar colher e vender”, contou.

Em 2018, o idoso foi levado para a casa da irmã, na cidade de Murici, onde passou cerca de três meses. Após esse período, segundo o acusado, Francisco acabou retornando para o assentamento e passou a morar no local sem avisar. Ademílson disse que só ficou sabendo que o idoso estava no sítio 15 dias depois, quando foi avisado por terceiros.

“Quando fiquei sabendo, fui até ele e expliquei que não tinha condições de mantê-lo no local, já que tinham quebrado tudo e tocado fogo na casa. Ele disse que queria ficar lá mesmo assim, pois não tinha pra onde ir e nem como permanecer na casa da irmã. Eu fiz um documento para a irmã dele assinar e ela disse que era melhor ele ficar no sítio, porque não tinha condições de manter ele em casa e que a vida dele era no campo”, relata.

Ademílson, sobre as condições em que a polícia encontrou o local, disse que era a maneira que Francisco gostava de viver, e chegou a questionar a irmã porque que ele organizava as coisas e o idoso sempre desmanchava para deixar do jeito dele. Ela teria relacionado ao fato de Francisco ser descendente de ‘caboclo’, ‘que tudo que você organiza ou deixa limpo, ele suja porque é um habitar dele’.

“Ele não quer que você faça do seu jeito, e sim da maneira dele. Por isso que muitas vezes as pessoas chegam lá e ver a coisa meia bagunçada, mas não é porque eu fiz ou deixei daquela forma. É porque não temos condições financeiras de reformar a casa, e do jeito que estava foi do jeito que ele disse que queria ficar“, explicou.

A trama

O acusado atribuiu o nome de dois ex-associados da associação que preside, identificados como Pedro Viana e Francisco Alves Monteiro Filho, que segundo Ademílson, tentam o prejudicar há um certo tempo. Ele também cita Carlos da Umes, que na época assessorava o presidente do órgão, e teria criado um clima de perseguição contra ele.

Revelou ainda que no dia anterior à prisão, Pedro e Francisco foram até à 11° Delegacia Regional de União dos Palmares depor contra ele. “Desde que fui de encontro a eles que criam problemas para mim. Já houve muito tumulto de camburão, de policiais lá no começo, foi em 2017, por culpa deles dois assim que começará a atribuir coisas contra mim”, conclui Ademílson.

O que dizem os citados:

Procurado pelo BR104, Carlos da Umes disse que ‘não há veracidade do fato’, e que o caso ocorreu entre Ademílson e outras pessoas que faziam parte do movimento. Afirmou ainda que na época ‘foi procurado por dois rapazes’ – que não tiveram os nomes revelados. “Não há fundamento. Ele está querendo criar argumento para a situação”, afirmou.

Pedro Viana e Francisco Alves Monteiro Filho, citados por Ademílson da Silva, não foram localizados pela reportagem.


Comentários


    Entre para nossos grupos

    Telegram
    Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
    WhatsApp
    Entre e receba as notícias do dia
    Entrar no Grupo


 
 
 
Especiais

Especial
Livro ensina técnica de leitura usada por Sherlock Holmes para expandir a memória

Aprenda a Melhorar sua Memória, Lendo até 10 Vezes Mais Rápido e Retendo Até 100% do Conteúdo


veja também

Prefeito Areski Freitas - @BR104
Política
Vem aí, a rádio do Kil

Embora ainda não tenha sido divulgado de forma oficial, especula-se que o nome da emissora será Liberdade FM.


Zé Alfredo - @BR104
Eleições 2024
Cotado para vice, Zé Alfredo continua sem Certidão de Quitação Eleitoral

Em conversa com o BR104, ele já explicou que se trata de uma multa eleitoral gerada devido a uma irregularidade na prestação de contas de campanha eleitoral


Missinho, um dos organizadores da competição
União dos Palmares
União dos Palmares terá a 1ª Copa Palmarina de Fut7

A copa, organizada por Missinho e Alexandro, tem o objetivo de movimentar o esporte na cidade.


Empresário Leandro Carlos | © Reprodução
União dos Palmares
Superação e empreendedorismo: Leandro Carlos celebra aniversário com planos para o futuro

Nas redes sociais, não faltaram mensagens de apoio e felicitações de amigos, funcionários, parceiros de negócios e correligionários.


Vitima de homicídio - Reprodução
Policial
Acerto de contas: Jovem é arrastado para fora de casa e executado em União dos Palmares

O caso será investigado pelo delegado Guilherme Iusten, titular da delegacia de polícia civil de União dos Palmares.