Brasil e mais sete países participarão de fase avançada de teste de vacina contra HIV

Pesquisada há 15 anos, forma de imunização é, desta vez, considerada promissora por especialistas

Pesquisada há 15 anos, forma de imunização é, desta vez, considerada promissora por especialistas — © Alfredo Astrella/AFP

Pesquisada há 15 anos, forma de imunização é, desta vez, considerada promissora por especialistas — © Alfredo Astrella/AFP

Saúde — O Brasil e mais sete países participarão de fase avançada de teste de vacina contra o HIV, que está previsto para começar até o fim de 2019. Essa é a terceira fase do estudo Mosaico, que testará em humanos uma vacina considerada promissora contra o vírus.

O projeto deve abranger quase 4 mil pessoas e contará com a participação de cerca de 3.800 indivíduos, com idades entre 18 e 60 anos. . Serão 24 centros de estudo nos Estados Unidos (EUA), nove no Brasil, cinco no Peru, quatro na Argentina e três no México. Na Europa estão na lista a Espanha, Itália e Polônia.

Para Susan Buchbinder, presidente do protocolo Mosaico e diretora do programa Bridge HIV do Departamento de Saúde Pública de São Francisco, o compromisso dos pesquisadores é o de garantir que os resultados dos testes de vacina contra o HIV sejam aplicados para populações de diversos países.

“Este é um estudo muito importante. Ele complementa o teste Imbokodo de vacinas similares em mulheres na África do Sul e no Saara”, pontua. “Estamos esperançosos de que este regime de vacinação irá fornecer proteção contra a infecção pelo HIV, mas não saberemos até que façamos o estudo”, acrescenta.

A especialista apresentou os próximos passos do projeto na 10ª Conferência da Sociedade Internacional da Aids sobre a Ciência do HIV (IAS 2019), que terminou nesta quarta (24) na Cidade do México.

“Quando tivermos os resultados sobre esta fase do projeto, vamos juntá-los ao anterior Imbokodo, realizado no continente africano. Esperamos poder consolidar todos os dados dentro de dois anos. Os resultados iniciais do Imbokodo devem ser liberados no final de 2021 e os do Mosaico, que esperamos começar ainda este ano, serão divulgados em 2023.”

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A fase 2, segundo a pesquisadora, está ocorrendo na África do Sul, Malawi, Moçambique, Zimbábue e Zâmbia. Estudos anteriores foram realizados nos Estados Unidos, Tailândia e outros países africanos.

Público alvo dos estudos

Os testes se concentram em populações de risco. Nos experimentos em território africano, foram as mulheres que receberam a vacina. De acordo com a Agência das Nações Unidas de Luta contra a Aids (Unaids), naqueles países, elas representam quase 60% dos casos de incidência da doença.

Na Europa e nas Américas o perfil é outro. Entre o grupo de risco estão, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, que representam dois terços dos novos diagnósticos. Receberão a vacina de teste indivíduos com idades entre 18 e 60 anos.

A pesquisadora norte-americana Susan Buchbinder, responsável pela Rede de Testes de Vacinas contra o HIV (HVTN), comentou em nota que este é um passo importante para o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz.

*com o Globo