Obesidade: nutricionista explica as principais causas e alerta para os riscos

A especialista Larissa Galindo também destaca a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento da doença.

Imagem ilustrativa | @ Reprodução

Imagem ilustrativa | @ Reprodução

Esta semana tem sido dedicada aos cuidados com a obesidade, especialmente porque o Dia Mundial da Obesidade foi comemorado no último dia 4. O debate sobre a doença se torna importante para conscientizar a população sobre os riscos associados a ela, a fim de promover a prevenção e o tratamento, além de combater o estigma social relacionado à condição.

Especialista no assunto, a nutricionista Larissa Galindo fala sobre a importância de discutir sobre o tema. “A importância reside em destacar a necessidade de abordagens integradas com equipe multiprofissional, já que é uma condição causada por diversos fatores biológicos e comportamentais, bem como há também a necessidade de criar ações efetivas que visem auxiliar na aderência à mudança do estilo de vida, para lidar com o crescente problema global da obesidade”, conta ela.

De acordo com a nutricionista, a obesidade trata-se de uma doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), e essa doença pode contribuir para diversas complicações de saúde.

“A obesidade é reconhecida como uma doença crônica pela OMS e por diversas entidades médicas. Ela é uma doença multifatorial e pode ser fator de risco para diversas complicações de saúde, como síndrome metabólica, diabetes 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e renais, problemas articulares, etc, tornando-se um importante desafio de saúde pública”, explica.

Questionada sobre como a obesidade se desenvolve, Larissa conta que a doença surge por meio de diversos fatores além da condição genética, a exemplo de uma alimentação baseada no consumo excessivo de produtos alimentícios ultraprocessados.

“Ela resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais. A influência de fatores socioeconômicos também tem grande importância. Embora a predisposição genética esteja dentro das condições de aumento da incidência dessa doença, uma alimentação – baseada no EXCESSO de consumo de produtos alimentícios ultraprocessados, hiperpalatáveis, açúcar, farináceos, etc -, o baixo consumo de proteína de alto valor biológico, sedentarismo, estresse crônico, entre outros fatores, também estão fortemente associados ao ganho progressivo de peso”, esclarece.

Larissa Galindo também destaca que a obesidade afeta pessoas de todas as idades. Entretanto, há dados que indicam que grupos socioeconômicos mais vulneráveis podem ter maior prevalência.

“Há estudos epidemiológicos de revisões sistemáticas que trazem dados do crescimento da obesidade em países de baixa, média e alta renda, e que esses fatores têm múltiplas relações, como vulnerabilidade socioeconômica, acesso restrito à educação, fatores comportamentais ambientais e genéticos, etc. No entanto, dados indicam que grupos socioeconômicos mais vulneráveis podem ter maior prevalência, relacionada a acesso limitado a alimentos saudáveis e menor oportunidade para atividade física”, conta.

Tratamento

Sobre o tratamento, a especialista reforça a importância da obesidade ser tratada por meio de uma abordagem multidisciplinar com vários profissionais, uma vez que a doença também afeta o psicológico.

“O tratamento precisa ser abordado como a raiz multifatorial da própria doença, ou seja, com uma abordagem multidisciplinar com multiprofissionais, incluindo mudanças na dieta, aumento da atividade física, terapia comportamental, apoio psicológico e, em casos específicos, intervenções médicas ou cirúrgicas”, explica Larissa.

A nutricionista também destaca a individualização que cada tratamento precisa ter. “A individualização do tratamento é essencial, considerando as características individuais de cada pessoa, e é importante que a equipe multiprofissional esteja alinhada a buscar formas de auxiliar os pacientes de modo a aumentar a taxa de adesão e manutenção ao estilo de vida, pois é assim que precisa ser visto, como mudança de hábitos de vida”, ressalta.

Apoio do círculo social

Questionada sobre como as pessoas obesas podem ser ajudadas por seu círculo social, Larissa explica o que amigos e familiares podem fazer.

“O apoio do círculo social é essencial. Amigos e familiares podem oferecer suporte emocional, incentivo para mudanças no estilo de vida e participação em atividades físicas. Grupos de emagrecimento com nutricionistas, educadores físicos e psicólogos, nutricionista comportamental e terapia cognitiva comportamental (TCC) podem ser eficazes na mudança do estilo de vida das pessoas com essa condição de saúde”, conta.

Larissa Galindo também destaca que a obesidade não pode ser tratada como uma doença de falta de disciplina ou motivação, e que esse estigma precisa ser quebrado.

“A obesidade não é uma doença de falta de disciplina e motivação, é uma doença com uma complexidade imensa, que carece de olhares de multiprofissionais, e isso ainda é um estigma entre a população e também entre os profissionais da área. Evitar esse estigma e promover um ambiente positivo são passos importantes para ajudar aqueles que enfrentam a obesidade”, explica a nutricionista.