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A estudante universitária Annalice Nascimento de Melo, de 21 anos, tornou-se mãe de forma completamente inesperada. Em junho de 2025, ela deu à luz o pequeno Levi Emanuel, sem sequer saber que estava grávida.
O caso, ocorrido no Hospital Santa Catarina, na zona norte da capital potiguar, foi classificado pelos médicos como uma “gravidez silenciosa”, fenômeno raro em que a gestante não percebe os sinais da gravidez.
O que aconteceu
Segundo o hospital, Annalice chegou à unidade após sofrer convulsões e pressão arterial elevada, com níveis próximos a 19×9. Os sintomas indicavam um quadro de eclâmpsia, uma complicação grave associada à gestação. Diante da urgência, a equipe médica realizou uma cesariana de emergência, descobrindo que ela estava com 34 semanas de gravidez.
O bebê nasceu prematuro, pesando cerca de 1,2 quilo, e foi encaminhado à UTI neonatal. Annalice permaneceu sedada e inconsciente por vários dias. Quando despertou, cinco dias depois, foi informada por uma psicóloga e uma assistente social que havia se tornado mãe.
“Foi um choque. Eu não tinha barriga, não senti nada e vivi normalmente. Estudava, trabalhava, ia para festas, praticava esportes… Tudo sem imaginar que estava grávida”, relatou a jovem em entrevista a portais locais.
Como uma gravidez pode passar despercebida
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), casos de “gravidez silenciosa” são raros e correspondem a menos de 0,5% das gestações. Eles ocorrem quando fatores físicos e hormonais mascaram os sintomas, fazendo com que a mulher continue menstruando e não perceba alterações no corpo.
A médica ginecologista Dra. Luciana Alves, especialista em saúde da mulher, explica que a posição do útero e o tipo físico da gestante podem contribuir para esconder a gravidez.
“Mulheres com abdômen firme, útero retrovertido ou níveis hormonais baixos podem não apresentar barriga nem sentir os movimentos do bebê. Em alguns casos, o diagnóstico só ocorre no parto ou em exames de emergência”, afirma.
Além de fatores físicos, o componente psicológico também pode influenciar. Há registros de mulheres que, inconscientemente, bloqueiam a percepção da gestação devido a estresse, traumas ou negação.
O que dizem os especialistas
Médicos destacam que, embora o fenômeno seja raro, a falta de sintomas não elimina os riscos. A ausência de pré-natal aumenta as chances de complicações graves, como eclâmpsia, hemorragias ou parto prematuro.
O ginecologista e obstetra Dr. Carlos Pinto, que não participou do caso, reforça a importância de consultas regulares.
“Qualquer mulher em idade fértil que apresente alterações no ciclo menstrual, náuseas, fadiga ou ganho de peso deve realizar exames básicos. Mesmo sem sintomas evidentes, o acompanhamento é a melhor forma de prevenção”, orienta.
Como está Annalice e o bebê
Após o parto de emergência, Annalice enfrentou falência renal momentânea, revertida com medicamentos. Já o bebê Levi Emanuel ficou internado na UTI neonatal por mais de um mês, recebendo alta em agosto de 2025. Atualmente, ambos passam bem e seguem em acompanhamento médico.
A estudante, que cursa faculdade e presidia o centro acadêmico do curso, afirma que o episódio mudou sua forma de ver a vida.
“Hoje entendo que tudo teve um propósito. Foi um milagre. Eu e meu filho estamos bem, e isso é o que mais importa”, disse.
Sinais de alerta para mulheres
Especialistas recomendam atenção aos seguintes sinais, que podem indicar uma gestação, mesmo quando não há barriga aparente:
- Atrasos menstruais frequentes ou sangramentos irregulares;
- Fadiga persistente e tontura;
- Náuseas leves e sensibilidade nos seios;
- Alterações de humor e aumento do apetite;
- Ganho de peso sem explicação.
Nesses casos, o ideal é procurar um ginecologista e realizar exame de sangue (beta hCG) e ultrassonografia, mesmo que os sintomas pareçam leves.
O que é gravidez silenciosa
A “gravidez silenciosa”, também chamada de gravidez oculta ou cryptic pregnancy, ocorre quando a mulher não percebe os sinais gestacionais até fases muito avançadas — às vezes, apenas no momento do parto.
Entre os principais fatores estão:
- alterações hormonais que reduzem sintomas;
- útero retrovertido (voltado para trás);
- níveis baixos de gonadotrofina coriônica (hormônio hCG);
- estresse ou bloqueio psicológico.
O diagnóstico é geralmente feito em situações de emergência, como no caso de Annalice.