Baixa vacinação impulsiona aumento nas mortes por dengue no Brasil

Os dados recentes também mostram um crescimento drástico no número de mortes ainda sob investigação, que é mais de 17 vezes superior ao ano passado.

Lula: “Vai devagar que eu tenho medo de agulha, Alckmin!”| Foto: Agência Brasil

Lula: “Vai devagar que eu tenho medo de agulha, Alckmin!”| Foto: Agência Brasil

O Brasil enfrenta um alarmante aumento de fatalidades causadas pela dengue, conforme apontam os mais recentes dados do Ministério da Saúde. Em um relatório divulgado até a última sexta-feira de 2024, o país lamentavelmente contabilizou 1.601 mortes devidamente confirmadas devido à doença, adicionando-se a isso um alarmante número de 2.061 mortes ainda em fase de investigação, conforme o Painel de Monitoramento das Arboviroses.

Até agora, as estatísticas apontam para mais de 3,6 mil vítimas, confirmadas ou sob suspeita, de dengue. Este número é 35% maior do que o total registrado no ano anterior, que foi de 1.179 óbitos. O volume de casos prováveis no território nacional já atingiu a marca de 3,5 milhões, em contraste direto com os 1,6 milhão de casos de 2023.

A prevalência do vírus tem impactado mais as mulheres, que correspondem a 55% do total de casos prováveis, enquanto os homens representam 44%. Os adultos jovens entre 20 e 29 anos são os mais afetados, com 358 mil mulheres e 299 mil homens nessa categoria sendo impactados.

Apesar do aumento acentuado tanto em casos quanto em mortes em comparação ao ano anterior, observa-se uma pequena diminuição na letalidade da dengue em relação ao total de casos, que era de 4,83% no ano passado e agora é de 4,35% em 2024. Similarmente, a letalidade entre os casos prováveis diminuiu de 0,07% para 0,05%.

Os dados recentes também mostram um crescimento drástico no número de mortes ainda sob investigação, que é mais de 17 vezes superior ao ano passado. Além disso, houve um aumento significativo na incidência da doença por 100 mil habitantes, saltando de 773 em 2023 para 1.741 em 2024.

Estratégias de Vacinação

Em resposta ao aumento dos casos, a estratégia de vacinação para combater a dengue segue em expansão, mas ainda enfrenta desafios de adesão. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde expandiu a recomendação de vacinação para incluir crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, tentando aproveitar as doses que estão prestes a expirar. Se a adesão não melhorar, existe a possibilidade de estender a vacinação para a faixa etária recomendada pela bula do imunizante, que vai de 4 a 59 anos.

O Distrito Federal apresenta os maiores índices de incidência, com 7,9 mil casos para cada 100 mil habitantes, enfrentando um alto número de casos e mortes, totalizando 325 este ano. Segundo a Dra. Andréa Jácomo, coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do DF, os serviços de emergência pediátrica estão sobrecarregados devido ao aumento dos casos de dengue combinados com condições respiratórias que se intensificam durante o outono e o inverno.

De acordo com especialistas, espera-se uma diminuição nos casos durante os meses mais frios de outono e inverno. Contudo, essa redução pode ser revertida se a imunização não for amplamente adotada. A Dra. Eliana Bicudo, médica infectologista, enfatiza que muitos adultos ainda precisam reconhecer a segurança e os benefícios da vacina, que podem significativamente reduzir os riscos de dengue, especialmente entre crianças e adolescentes.