Covid-19: por que a OMS não alterou o status de “pandemia”?

Na última sexta (5/5), a OMS anunciou o fim da emergência global da Covid-19, mas não alterou o título de "pandemia"; saiba o porquê.

Covid-19 | © Reprodução/R7

Covid-19 | © Reprodução/R7

Na última sexta-feira (5/5), a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou o fim da emergência global da Covid-19. Na prática, isso significa que os países devem focar no combate a outras doenças também, flexibilizando as medidas de enfrentamento da enfermidade em questão.

“O que essa notícia significa é que é hora de os países fazerem a transição do ‘modo de emergência’ para o gerenciamento da Covid- 19 ao lado de outras doenças”, esclareceu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa nesta sexta.

Apesar da mudança de classificação, a OMS não alterou o título de “pandemia da Covid-19”. O motivo é explicado pelo pesquisador Claudio Maierovitch, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Segundo ele, uma pandemia termina, apenas quando outra começa. “Fim de pandemia não se decreta, ainda mais em uma situação onde a circulação do vírus é intensa”, aponta.

O argumento foi reforçado pelo diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan, em coletiva de imprensa. Ele explicou que “na maioria dos casos, as pandemias realmente terminam quando a próxima começa”.

Desse modo, o fim da emergência global da Covid-19 não anula a existência do vírus. O fato é que ele ainda continua circulando, juntamente com as suas variantes. Há ainda a epidemia da influenza B e do vírus sincicial respiratório (VSR) em vários estados.

Com isso, é importante que a população continue mantendo os cuidados necessários, e que esteja com a vacinação em dia. Os esforços também precisam ser ainda mais acentuados pelos países apesar do decreto da OMS, conforme argumenta A epidemiologista Alexandra Boing, cocoordenadora da comissão de epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

“É preciso reforçar que o vírus continua circulando, pessoas continuam ficando doentes, morrendo, tendo Covid longa, com repercussões importantes na vida. Mesmo assim, vários países têm desmobilizado os esforços, que podem ser acentuados com o decreto da OMS”, diz Alexandra.