Por que Bolsonaro ouviu Temer e não Collor?

O presidente recuou nos ataques ao STF, seguindo a orientação do ex-presidente Michel Temer.

Collor e Bolsonaro - @Reprodução

Collor e Bolsonaro - @Reprodução

Quando começou a circular nas redes sociais a notícia de que um ex-presidente da República teria convencido o atual presidente Jair Bolsonaro a recuar no confronto contra o STF, há quem imaginou ser uma articulação do experiente Fernando Collor, atual senador por Alagoas, e o primeiro presidente a sofrer um impeachment desde a redemocratização após o golpe militar de 1964.

Aliado de Bolsonaro, Collor esteve com ele durante a cerimônia de 7 de setembro, no hasteamento da bandeira, e tem o acompanhado em diversas agendas importantes do governo, o que aponta o senador como um importante conselheiro do presidente.

No entanto, a surpresa foi saber que o tal ex-presidente que convenceu Bolsonaro a recuar foi Michel Temer, o ex-vice de Dilma (PT) por dois mandatos, acusado de ter conspirado para derrubá-la em um suposto golpe que o fez ascender ao poder em 31 de agosto de 2016. Temer chegou a ser preso em março de 2019, menos de três meses após passar a faixa presidencial para o atual presidente.

Em silêncio, Collor assistiu um outro ex-presidente dar a Bolsonaro o conselho que foi capaz de aplacar a fúria do mercado, de modo que a Bolsa saltou 3,3% só alguns minutos após a carta publicada pelo presidente com o apoio de Temer. O valor do dólar também baixou. Ainda sem palavras, o senador nada disse sobre a mudança de estratégia do chefe de Estado.

Segundo um interlocutor, Collor já havia tentado por várias vezes alertar Bolsonaro sobre os riscos que corria de acabar como ele, se continuasse batendo de frente com o STF, mas quem o convenceu no fim das contas, foi Temer.

Fernando Collor e Bolsonaro