Uma nova queda de braço entre os grupos políticos liderados pela família de Renan Calheiros e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), está ocorrendo em meio as manifestações e paralisações dos trabalhadores do Hospital Veredas, em Maceió.
A entidade filantrópica, que está sob a gestão financeira de Pauline Pereira, prima e aliada de Lira desde outubro de 2022, acumula uma dívida de quatro folhas de pagamento e outros direitos com aproximadamente 1,4 mil funcionários, e culpa o governo do estado, do MDB dos Calheiros, pelos atrasos.
Segundo o hospital, a dívida do governo de Alagoas totaliza R$ 20 milhões, sendo R$ 8,5 milhões referentes a serviços e notas fiscais emitidas entre o final do ano passado e junho de 2023. Os débitos trabalhistas atualmente chegam a R$ 8,4 milhões, de acordo com a entidade filantrópica. A gestão do hospital afirma que a quitação dos débitos mais recentes por parte do estado seria suficiente para resolver o problema.
Por sua vez, o governo de Alagoas argumenta que já pagou R$ 6 milhões neste ano e que não é responsável pelos atrasos. O governo menciona que “cumpre suas obrigações” com o Veredas e que o hospital possui outras fontes de receita. Em nota, o governo informa que repassou R$ 60 milhões ao hospital somente no ano passado.
Alguns valores em questão estão passando por auditoria pela Procuradoria Geral do Estado (PGE). A Secretaria de Saúde de Alagoas afirma que os pagamentos só serão efetuados quando for confirmado que os serviços foram de fato prestados pela entidade filantrópica.
O estado de Alagoas está acompanhando os desdobramentos relacionados aos funcionários do hospital. No entanto, o governo argumenta que essa é uma situação que se arrasta há anos e que não é correto atribuir os problemas de gestão da entidade privada ao estado, especialmente quando o governo cumpre todas as suas obrigações legais com o hospital.
O grupo de Arthur Lira indicou diretores financeiros para a unidade desde 2017. Antes de Pauline Pereira, o diretor era Adeilson Loureiro, irmão do deputado estadual Léo Loureiro. Em 2022, Léo migrou do PP de Lira para o MDB dos Calheiros, e Adeilson foi removido do cargo em outubro.