Em Alagoas, prefeita eleita herda dívidas e serviços paralisados: ‘contas zeradas’

Falta material de limpeza e até cadeira na sede da Prefeitura; coleta de lixo foi interrompida, e Denyse Siqueira diz que ausência de documentação inviabiliza oferta de serviços essenciais.

Prefeita de Ouro Branco encontra município em situação de emergência — © Reprodução

Prefeita de Ouro Branco encontra município em situação de emergência — © Reprodução

A festa de posse da nova prefeita eleita terminou antes da hora no município de Ouro Branco, no Sertão de Alagoas, que vive um momento dramático. Eleita com 51,20% dos votos, Denyse Siqueira (PSB) teve uma surpresa desagradável logo no início da gestão.

Não bastasse o curto espaço de tempo para a transição de governo, em virtude do adiamento das eleições municipais, a nova gestora se deparou com uma série de problemas de ordem administrativa, situação que tem inviabilizado a continuidade de serviços considerados essenciais, a exemplo da coleta de lixo.

Segundo Denyse, o serviço está parado devido à ausência de funcionários contratados para a atividade. Some-se a isto a falta de acesso às informações contábeis e financeiras do município, solicitadas durante o período de transição, a fim de que a nova gestão pudesse analisar eventuais contratos administrativos ainda vigentes.

Para se ter uma ideia, nem a sede do Executivo escapou de tamanha negligência. Isso porque o prédio da Prefeitura, situado à rua Coronel Lucena, encontra-se totalmente desaparelhado. Faltam cadeiras, aparelhos de ar condicionado, impressora e até papel. Também não há guarda ou vigilante, bem como acesso à internet. Hoje, a Prefeitura conta com apenas um funcionário de serviços gerais, que não dispõe sequer de vassoura e até pano de chão, dada a falta de material de limpeza.

Já os poucos computadores encontrados na sede da Prefeitura foram formatados, razão pela qual a equipe da prefeita Denyse Siqueira não conseguiu acesso a documentos primordiais, o que acaba por comprometer a execução de atividades basilares da administração pública.

O Município também não tem ambulância ou carro oficial, tendo de se socorrer à cidade vizinha, confirmando, assim, a situação de calamidade pública. E tudo isso em meio a uma pandemia que já vitimou quase 200 mil pessoas em todo o país.

“Encontrei a Prefeitura em um estado deplorável, financeira e administrativamente. As contas bancárias estão zeradas. Não há a menor possibilidade de continuação do serviço público. Até o fornecimento de luz está em vias de suspensão por falta de pagamento. Isso porque herdamos um débito de mais de duzentos mil reais somente de energia elétrica. É por tudo isso que vamos precisar trabalhar muito para tirar Ouro Branco dessa situação”, afirma a prefeita Denyse Siqueira, acrescentando que sua equipe está concluindo um relatório a ser encaminhado ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Ministério Público de Contas e Tribunal de Contas de Alagoas.

*com informações da Assessoria

Coleta de lixo foi interrompida devido à ausência de funcionários contratados para a atividade — © Assessoria