O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), virou alvo de cobranças em outdoors espalhados pelo município de Arapiraca, na região agreste de Alagoas, que questionam o parlamentar pela demora em pautar alguns dos pedidos de impeachment protocolados em desfavor do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
Os painéis que estampam os rostos de Lira e Bolsonaro, trazem frases como: “Mais de 500 mil mortes. Como você quer entrar para a história, Arthur Lira?”. Em outro, diz: “Cúmplice de um genocídio ou responsável por abrir o impeachment de um criminoso?” E finaliza: “Os dois não dá!”.
Mais do que cobrar o impeachment de Bolsonaro, os outdoors são um ataque direto a Arthur Lira, e atinge o coração do seu eleitorado. Arapiraca é um dos municípios em que Lira teve mais votos nas eleições de 2018, e é um dos seus principais redutos eleitorais no estado.
Em outro outdoor em que aparece a foto de Lira ao lado de Bolsonaro, foi escrito a seguinte frase: “Fome, mortes, corrupção”. Seguindo a estratégia do desgaste por associação, faz os alagoanos lembrarem, por exemplo, do vídeo em que uma idosa chora em um supermercado de Maceió, por não poder fazer as compras para sua casa.
“Está tudo muito caro, a gente não sabe mais o que fazer, vem fazer compra e não sabe o que comprar. A gente não consegue comprar mais carne, pois o dinheiro não dá. Eu sou aposentada e continuo trabalhando”, disse a mulher em um vídeo que se espalhou por todo o Brasil.
Em outro episódio triste, um açougue no município de Cuiabá está distribuindo ossos com restos de carne, e em uma reportagem, é possível ver a fila que se forma de pessoas diariamente para receber uma porção.
“Tem gente que pega e já come cru, ali mesmo”, diz a dona do açougue emocionada.
Arthur Lira e Bolsonaro – @Reproducao
Mais votado
Arthur Lira planeja repetir o mandato de deputado federal, contrariando o que se esperava nos bastidores da política alagoana, que seria ele disputar o governo de Alagoas.
O que se diz, no entanto, é que Lira, que obteve 143.858 nas eleições de 2018, planeja superar os 200 mil votos em 2022. Para tanto, ele reuniu em julho um grupo de 45 prefeitos de sua base política para reafirmar suas expectativas em torno de sua própria candidatura, bem como em apoio ao nome que deverá indicar para substituir Renan Filho (MDB) no comando do governo do estado.
Não se sabe, porém, se a demora em pautar o impeachment, ou a constante associação da imagem de Arthur Lira a Bolsonaro, pode afetar seus planos políticos para 2022, mesmo porque a CPI da Pandemia já vem dando sinais de que pode chegar em Lira.
Na mira da CPI
Embora a CPI da Pandemia esteja agindo com bastante cautela sobre requerimentos que sejam relacionados a ministros ou a chefe de poderes, o depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) à Polīcia Federal essa semana pode deixar Arthur Lira na mira da CPI.
O parlamentar confirmou à PF que ouviu do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazzuelo, que o deputado Arthur Lira estava lhe pressionando por liberação de recursos.
Lira teria ameaçado tirar Pazzuelo do ministério caso não aceitasse liberar os recursos exigidos. Se a denúncia prosperar na PF, pode ensejar ainda mais desgaste à popularidade do presidente da Câmara.
Outdoor instalado em Arapiraca – @reprodução
