A morte de dois adolescentes, Jonatas Nascimento, de 15 anos, e Wallison de Lima, de 16, durante uma perseguição policial em Colônia Leopoldina, no interior de Alagoas, no último domingo (13), continua gerando questionamentos e investigações.
Seis policiais militares envolvidos na ação foram afastados de suas funções a pedido do Ministério Público Estadual (MP-AL), enquanto a Polícia Civil investiga o caso.
O que já se sabe:
1. Ação policial:
A perseguição policial começou após denúncias de populares que relataram que dois homens em uma moto estavam tentando realizar assaltos no centro da cidade. Segundo a Polícia Militar, os adolescentes não obedeceram à ordem de parada e teriam atirado contra a viatura durante a fuga. Durante a perseguição, a viatura policial capotou e atingiu a moto dos adolescentes, que, de acordo com os policiais, continuaram atirando, o que resultou em uma resposta armada por parte da polícia.
2. Famílias contestam a versão da polícia:
Os familiares dos adolescentes, porém, refutam essa versão. Eles afirmam que Jonatas e Wallison não estavam envolvidos em atividades ilícitas e eram trabalhadores, atuando no corte de cana. Segundo Silvana Nascimento, mãe de Jonatas, os jovens estavam voltando para casa após distribuírem doces para crianças em comemoração ao Dia das Crianças. Ela relatou que os adolescentes estavam em uma moto emprestada, cujo escapamento estava com defeito, o que poderia ter gerado um som semelhante ao de tiros, confundindo os policiais.
3. Afastamento dos policiais e investigação:
Após os familiares contestarem a versão oficial, o MP-AL solicitou o afastamento dos seis policiais envolvidos, o que foi prontamente aceito pela Polícia Militar. Além disso, a Corregedoria da PM instaurou um inquérito administrativo para apurar a conduta dos policiais, enquanto a Polícia Civil segue investigando o caso e já ouviu testemunhas e familiares das vítimas.
4. Protestos na BR-416:
Revoltados com as mortes, os familiares realizaram um protesto, fechando um trecho da BR-416, pedindo justiça e questionando a versão dos policiais. A comunidade local também se mostrou comovida com o ocorrido, prestando apoio às famílias dos adolescentes.
O que ainda falta esclarecer:
1. A veracidade da troca de tiros:
Um dos principais pontos de contestação é a alegação de que houve uma troca de tiros entre os adolescentes e a polícia. As famílias afirmam que os jovens não estavam armados, enquanto a polícia sustenta que os adolescentes atiraram contra a viatura. A perícia nas armas apreendidas, assim como na moto e na viatura envolvidas, será fundamental para esclarecer esse ponto.
2. Circunstâncias exatas do capotamento da viatura:
Durante a perseguição, a viatura capotou, e a polícia afirma que isso ocorreu enquanto tentavam interceptar a moto. No entanto, ainda não está claro se houve alguma falha que contribuiu para o acidente ou se a manobra foi parte da tentativa de parar os adolescentes.
3. Laudos periciais e balísticos:
Os laudos das perícias nas armas e veículos envolvidos ainda não foram divulgados, o que pode fornecer mais detalhes sobre a dinâmica dos fatos. A perícia será crucial para determinar se os adolescentes realmente dispararam contra os policiais e como ocorreu a colisão que resultou na morte de Jonatas e Wallison.
4. Testemunhas oculares:
Embora algumas testemunhas já tenham sido ouvidas, é importante que mais pessoas que possam ter presenciado a ação policial ou os momentos anteriores ao incidente sejam identificadas e ouvidas pela Polícia Civil. Seus depoimentos podem ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu durante a perseguição.
O que esperar das investigações:
O inquérito policial segue em andamento, com a análise das provas e a coleta de mais depoimentos. A promotora de Justiça, Francisca Paula de Jesus Lôbo Nobre Santana, informou que haverá novas reuniões com os familiares e testemunhas na próxima terça-feira (22), e também foi montada uma rede de apoio psicológico e social para os parentes dos adolescentes.
O caso ainda está longe de ser concluído, e a versão final dos acontecimentos só poderá ser confirmada com os resultados dos laudos periciais e o avanço das investigações conduzidas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.
Enquanto isso, as famílias de Jonatas e Wallison seguem pedindo justiça e a verdade sobre o que realmente aconteceu naquela noite em Colônia Leopoldina.