A Plataforma Unitária Democrática (PUD), coalizão que representa diversos partidos e movimentos de oposição à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, condenou veementemente a prisão de 13 membros da oposição pelo procurador-geral Tarek William Saab.
As ordens de prisão, emitidas sob alegações de “conspiração” e “traição à pátria”, têm como base a acusação de recebimento de financiamento de “organizações internacionais e empresas estrangeiras” com o suposto objetivo de “desestabilizar” o processo do referendo sobre a anexação de Essequibo.
Entre os detidos, encontram-se membros proeminentes do partido Vamos Venezuela, ligado à candidata presidencial María Corina Machado. Surpreendentemente, dois cidadãos norte-americanos, alegadamente vinculados à empresa Exxon Mobil, também foram envolvidos nas acusações, ampliando a complexidade da situação. María Corina Machado, embora associada ao partido, não foi indiciada.
A detenção ocorreu logo após o referendo, realizado no último domingo (3), sobre a anexação da região disputada de Essequibo, atualmente em conflito entre a Venezuela e a Guiana. O referendo foi criticado por baixa participação, de acordo com opositores na segunda-feira (4).
Plataforma Unitária Democrática (PUD) | © Reprodução
A PUD denunciou as prisões como “covardes medidas de perseguição” promovidas pelo regime venezuelano contra seus opositores, rejeitando veementemente as acusações de Saab. Este, por sua vez, emitiu mandados de prisão alegando crimes como “conspiração, traição à pátria, lavagem de dinheiro e associação para delinquir”, sob a justificativa de supostos atentados contra o referendo.
A coalizão democrática reforçou que tais ações buscam minar a firmeza e unidade da oposição, que se reuniu em torno da candidata María Corina Machado para construir uma “força democrática” visando uma “contundente vitória eleitoral” em 2024.
A PUD apelou à comunidade internacional, especialmente aos países aliados, para apoiar a libertação dos opositores detidos. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, manifestou seu apelo nas redes sociais, pedindo a libertação de todos os presos políticos na Venezuela e o fim da perseguição política.
A crise diplomática ganha ainda mais destaque diante da complexidade geopolítica envolvendo a região de Essequibo, rica em petróleo. A disputa territorial entre Venezuela e Guiana é um dos maiores problemas geopolíticos na história sul-americana, com potencial de gerar tensões que poderiam resultar em conflitos armados na fronteira, inclusive com o Brasil.
