O aumento da demanda global frente à escassez de recursos naturais é pauta cada vez mais presente no mercado de negócios, que passou a considerar elementos sustentáveis como premissa para o sucesso. Tão importante quanto a excelência operacional são as preocupações éticas, ambientais e de saúde. Mais do que uma tendência, a sustentabilidade tornou-se uma ferramenta de inovação, dominando as organizações que investem em estratégias voltadas às pessoas, processos e tecnologia.
Gestora socioambiental em organizações produtivas, sustentabilidade e empreendedorismo, a catarinense Andréa Karla Pereira alerta para a necessidade de as empresas adotarem uma nova postura. O setor da construção civil, por exemplo, já começa a absorver a demanda cada vez maior por qualidade de vida, que perpassa, inclusive, o conceito de morar bem. Isso porque – além de segurança, conforto e praticidade – questões socioambientais também devem pesar na concepção de qualquer negócio.
– Já temos visto empreendimentos inteligentes que fazem uso de energias mais limpas e renováveis, por exemplo. Igualmente importantes são o reaproveitamento da água pluvial e a gestão adequada dos resíduos, entre outras práticas”, explica a consultora, acrescentando que o próprio conceito de sustentabilidade já contempla as dimensões econômica, social e ambiental. “Ou seja, é impossível dissociar um conceito do outro. Um empreendimento precisa ser ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente responsável – reforça.
Para Andréa, o grande obstáculo ainda é a resistência à mudança organizacional, apesar de o construtor obter uma série de garantias, como a valorização no mercado, a redução dos custos e a atração de investimentos. “O corretor, por sua vez, ganha projeção, conquista novos clientes e ainda aumenta sua margem de lucro. Todos saem ganhando”, assegura a gestora socioambiental com 15 anos de experiência no segmento.
Sobre as técnicas mais recorrentes no processo de construção, Andréa esclarece que muitos empreendimentos sustentáveis adotam inovações como a arquitetura biolífica, que utiliza elementos da natureza para transformar esses locais em verdadeiros espaços de promoção à saúde, otimizando recursos como a luz natural, por exemplo. “Temos empreendimentos que de fato adoecem as pessoas. Já quando se tem consciência ambiental, o construtor prioriza o bem-estar e confere um valor patrimonial de longo prazo ao negócio, diferenciando-o dos demais”, destaca Andréa.
Um belo exemplo é o Eco Commercial Building, edifício multiuso construído numa área verde, mas sem prejudicar a natureza, e que serve de apoio às atividades da Bayer do Brasil, em São Paulo. “Este prédio foi erguido por meio de processos e materiais com alto desempenho ambiental, consumindo 50% menos energia e fornecendo 70% de água de reuso, o que reflete, significativamente, no aspecto econômico”, diz a consultora, lembrando também que a eficácia de tais construções é reconhecida em todo o mundo.
– De acordo com a Green Building Council [organização voltada à cultura da sustentabilidade], os prédios que adotam este conceito proporcionam, em média, 30% de economia de energia e 40% de água. Já os resultados, como o conforto término e acústico, obtidos no tocante à saúde e bem-estar dos usuários são imensuráveis. Além do mais, todas as regiões precisam crescer considerando os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), criados em 2015 durante conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro – ressalta Andréa.
E Alagoas?
Já Alagoas, como se sabe, tem um grande potencial, como atesta a própria consultora. “Maceió é o principal centro econômico de Alagoas e também um dos lugares mais procurados por turistas, em razão de suas belezas naturais. Integrar a qualidade de vida que se tem em Maceió às metas globais de desenvolvimento é um grande passo e um importante diferencial, de modo a articular os vários setores em prol de um equilíbrio entre os aspectos econômico, social e ambiental da cidade. Somente assim é que se consegue utilizar, racionalmente, os recursos naturais e, portanto, preservar o meio ambiente como um todo”.
Andréa Karla Pereira | © Assessoria
