Com a chegada da década de 1980, ganha notoriedade no Brasil uma nova doença: a AIDS. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o vírus da imunodeficiência adquirida levou mais de 36 milhões de pessoas a óbito em pouco mais de três décadas. Diante de sua fatalidade e do desconhecimento de sua origem, uma série de significados era atribuída àqueles que contraíam a doença e, consequentemente, se tornavam portadores da mesma. Muitas vítimas, além do vírus, tinham que lutar contra o preconceito.
Receber o diagnóstico de AIDS naquela época era uma sentença de morte. Hoje em dia, embora ainda não se tenha a cura, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida, tomando os medicamentos indicados e seguindo corretamente as recomendações médicas no tratamento. Estudos científicos comprovaram que uma pessoa com diagnóstico positivo para HIV, com o tratamento em dia não transmite a doença. Além disso, saber do diagnóstico precocemente, aumenta a sobrevida dos pacientes.
No entanto, apesar disso, a doença continua sendo bastante estigmatizada, principalmente, pela desinformação da população. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que mais de 830 mil pessoas convivem com o vírus alojado no corpo.
A seguir relembre 10 famosos que perdemos para a AIDS, os quais foram vítimas das complicações da doença, mas antes disso enfrentaram o preconceito, assumiram suas sorologias e inspiraram os militantes da causa.
1- Cláudia Magno
Cláudia Magno morreu em 1994, aos 35 anos, vítima de insuficiência respiratória aguda, em decorrência da AIDS. A atriz atuou em várias novelas da Globo, como “Final Feliz”, “Meu bem, meu mal”, “O dono do mundo” e “Felicidade”. Quando Cláudia morreu, ela estava trabalhando na novela “Sonho Meu”, na qual vivia a enfermeira Josefina. Magno foi sepultada no Cemitério de São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro.
2- Cazuza
O grande cantor e poeta Cazuza morreu em 1990, aos 32 anos, por um choque séptico causado pela AIDS. No entanto, em 1988, dois anos antes de sua morte, ele havia anunciado publicamente para os seus fãs que era soropositivo e começado um tratamento alternativo em São Paulo. No enterro do artista, mais de mil pessoas compareceram, entre parentes, amigos e fãs. O caixão foi levado à sepultura pelos seus ex-companheiros do Barão Vermelho. Sobre o tampo de mármore do túmulo aparece o título de seu último grande sucesso, “O Tempo Não Para”, e as datas de seu nascimento e morte. Em sua lápide consta apenas o seu famoso codinome.
3- Michel Foucault
Michel Foucault foi um filósofo francês e a primeira figura pública francesa a morrer por causa da AIDS. O filósofo morreu em 1984, aos 57 anos, em Paris, por problemas neurológicos consequentes da doença. Após a morte de Foucault, o seu companheiro e ativista Daniel Defert fundou a primeira associação francesa contra a doença, chamada AIDES. O relacionamento dos dois iniciou em 1963 e durou até a morte de Foucault. Foi o fato de pouco se saber sobre a AIDS na época, que levou Daniel a se tornar um ativista anti AIDS, em busca por direitos e melhor atendimento aos portadores da doença.
4- Sandra Bréa
A atriz Sandra Bréa chocou a todos ao revelar que contraíra o HIV em 1993. A partir daí, ela dedicou o resto da sua vida à luta contra o preconceito. A atriz morreu em 2000, aos 47 anos, após uma parada respiratória. Além da AIDS, ela sofria de câncer no pulmão. A última novela em que Sandra participou foi Zazá, que abordava assuntos relacionados à doença. E a sua participação foi justamente para fazer um comentário sobre como ela vivia com a doença: “E, meu amor, pra o meu país, é a minha briga [contra a AIDS]. E eu convoco a todos a essa briga. A briga contra o preconceito.”
5- Anthony Perkins
O ator e astro de Psicose (1960), Anthony Perkins, que interpretou o psicótico Norman Bates, morreu em 1992 por complicações da Aids. Quando foi diagnosticado, resolveu manter segredo. Segundo pessoas próximas ao ator, ele temia perder espaço no mercado cinematográfico ao relevar sua sorologia. Antes de sua morte, ele deixou um comunicado oficial, despedindo-se de seu público: “Eu aprendi mais sobre o amor, o altruísmo e a compreensão humana com aqueles que encontrei no mundo da AIDS do que no mundo cruel, marcado pela rivalidade, em que passei minha vida”.
6- Renato Russo
O inesquecível cantor Renato Russo morreu devido as complicações causadas pela Aids em 1996, na época com 36 anos, faltando apenas 1 dia para o aniversário da banda Legião Urbana. Renato era portador da doença desde 1989, mas nunca assumiu publicamente. Amigos do cantor afirmam que ele contraiu a doença após se envolver com um rapaz que conheceu em Nova Iorque, portador da doença, no mesmo ano. Como integrante de Legião, Renato lançou oito álbuns de estúdio, cinco álbuns ao vivo, alguns lançados postumamente e diversos contos. Além disso, ele gravou três discos solos.
7- Caio Fernando de Abreu
Caio Fernando Abreu foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro, que morreu dois anos após ser diagnosticado como portador da AIDS, em 1996, aos 47 an0s. Ao longo de sua carreira ele escreveu diversos textos que abordaram o mal que o vitimou, através de personagens em seus livros. O escritor chegou a escreveu em forma de crônica que a forma mais grave do vírus não era sua manifestação clínica, mas psicológica, minando o gosto das pessoas por viver.
8- Freddie Mercury
O lendário Freddie Mercury, cantor da banda Queen, morreu aos 45 anos, um dia depois de revelar publicamente que era soropositivo. No entanto, muito antes disso, já rolavam boatos de que o cantor estaria doente. Porém, o caso nunca tinha vindo a público, mesmo Freddie apresentando uma aparência debilitada. Em seus últimos dias, o cantor perdeu a visão e não conseguia sair da cama, por esse motivo decidiu parar de tomar sua medicação em 10 de novembro de 1991, e passou a esperar pela morte.
Em 22 de novembro, Freddie chamou o empresário do Queen, Jim Beach, e pediu que ele fizesse um comunicado à imprensa para divulgar sua doença, que foi lançado no dia seguinte. Cerca de vinte e quatro horas após o comunicado ser feito, durante a noite, Freddie faleceu vítima de broncopneumonia, em decorrência da AIDS. O corpo do cantor foi cremado no Cemitério de Kensal Green, e suas cinzas foram entregues a Mary Austin, e apenas ela, Jim Hutton, a família do cantor e os membros do Queen sabem onde as cinzas foram depositadas, e nunca revelaram seu paradeiro.
9- Lauro Corona
O ator brasileiro e galã de novela Lauro Corona morreu em 1989, aos 32 anos, depois de nove dias internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. A sua morte causou grande comoção nacional. O seu rosto estampava as capas das revistas Amiga, Contigo!, Sétimo Céu, entre outras. O Canal Viva elegeu Lauro como o “maior galã dos anos 80”, e isso garantiu a ele um lugar reservado entre os maiores galãs da história da TV Globo.
10- Wagner Bello
Wagner ficou conhecido na TV brasileira no papel do extraterrestre Etevaldo do Castelo Rá-Tim-Bum. O ator faleceu antes de gravar aquela que seria a última aparição de Etevaldo no programa. Para o episódio, a atriz Siomara Schroder, amiga de Bello, foi chamada para interpretar Etecetera, irmã do ET. Bello como era chamado pelos amigos faleceu em decorrência de complicações da AIDS, semanas depois de descobrir que tinha a doença.