Polêmica envolvendo o Santos pode ajudar a regularizar apostas no Brasil

Opinião foi dada por Paulo Vinícius Coelho, comentarista da Globo, em sua coluna em jornalista paulista.

Apostas | © Ilustração

Apostas | © Ilustração

As discussões em torno da liberação das apostas esportivas e dos jogos de azar no Brasil, ganharam mais repercussão nas últimas semanas, quando o Santos, um dos maiores clubes do Brasil, que acabou de receber patrocínio de um site de melhor casino online, decidiu demitir um dos preparadores físicos do clube por tentar subornar a goleira do Bragantino, antes de um jogo entre as duas equipes

O presidente do Santos, Andrés Rueda, veio à público explicar o caso e foi taxativo sobre o tema. “Eles têm de ser regulamentados”, disse o dirigente sobre a liberação das práticas no país. Os argumentos do presidente do peixe foram endossados pelo comentarista Paulo Vinícius Coelho, conhecido como PVC, um dos principais jornalistas esportivos do país na atualidade.

PVC, que é comentarista dos canais Globo, também mantém uma coluna na Folha de S.Paulo, principal jornal do país. O jornalista escreveu um texto afirmando que a falta de regulamentação entre os sites de apostas esportivas que atuam no Brasil ainda poderá ser danosa ao esporte nos próximos meses.

Ele destaca ainda que as empresas de apostas estão totalmente inseridas no futebol brasileiro, patrocinando clubes como Flamengo, Atlético Mineiro e São Paulo, e também como uma das patrocinadoras principais do Campeonato Brasileiro. Essas empresas também aparecem nos intervalos dos jogos, por exemplo.

“É urgente o Congresso Nacional trabalhar pela regulamentação. Se é impossível impedir, é necessário comprometer os empresários dessa indústria. É proibido jogar pôquer em cassinos ilegais, mas Neymar faz propaganda de casas internacionais”, afirmou o jornalista em um trecho da publicação.

A avaliação de PVC pedindo para que o Congresso analise o tema é um dos principais pontos no que diz respeito às discussões em torno da liberação das apostas e dos jogos de azar no Brasil. A pauta já foi aprovada na Câmara dos Deputados, mas está travada no Senado.

No texto que tem sido alvo de polêmica entre os senadores, o Marco Regulatório de Jogos prevê a liberação do jogo do bicho, apostas esportivas online, bingo e cassinos físicos integrados em resorts de luxo. O acompanhamento do setor seria feito pelo Sinaj (Sistema Nacional de Jogos e Apostas), subordinado ao Ministério da Economia.

A pauta divide opiniões na classe política. A principal oposição vem da bancada evangélica, que tenta a todo custo travar o andamento das discussões. Para isso, usa o apoio ao governo federal como barganha política para que o tema não avance dentro do Congresso.

Em paralelo, diversos sites que acompanham o setor de apostas afirmam que a Casa Civil, em parceria com o Ministério da Economia, já preparou um texto do decreto para regulamentar apenas as apostas esportivas, a partir do decreto de lei instituído por Michel Temer em 2018 e que tem validade até o fim deste ano. Caso um novo decreto não seja assinado, a lei aprovada por Temer perderá a validade.

Atualmente, o jogo do bicho já é praticado na ilegalidade, assim como casas de bingo clandestinas. No ramo das apostas esportivas, existem cerca de 400 plataformas no Brasil. Elas não são ilegais, porque estão hospedadas fora do país. Assim, o Brasil deixa de arrecadar em tributos e gerar empregos, ainda que o volume de dinheiro movimentado pela prática esteja na casa de R$ 9 bilhões, segundo estudos recentes.