O futuro do futebol feminino no Brasil

Será que as meninas conseguirão elevar o seu jogo até o patamar que consagrou esse esporte como paixão nacional?

Pixabay

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O futebol no Brasil já foi um ‘jogo de homens’. Felizmente, os tempos mudaram, e atletas como Formiga, Cristiane e Marta viraram a mesa e trouxeram respeito e admiração ao futebol feminino.

Marta, sozinha, amealhou o prêmio de melhor jogadora do mundo seis vezes, e agora terá sua vida contada em um documentário. Não à toa, é chamada de rainha.

Mas apesar das conquistas, ainda há um grande vão entre o futebol masculino e o feminino. Então, a pergunta que se faz é: até onde a modalidade pode evoluir no Brasil? Será que as meninas conseguirão elevar o seu jogo até o patamar que consagrou esse esporte como paixão nacional?

As mulheres têm ganhado espaço em diversas modalidades, e uma boa prova disso foi o excelente resultado das atletas brasileiras nas últimas Olimpíadas em Tóquio.

Mas em geral, elas têm se destacado em todo o mundo, como demonstram grandes competidoras como a enxadrista e jogadora de poker Jennifer Shahade, a ex-judoca e agora treinadora Sarah Menezes, ou ainda a quase imbatível lutadora de MMA Jéssica Bate-Estaca Andrade. Parece ser apenas questão de tempo para que o futebol siga o mesmo caminho.

Já há bons indícios de evolução em território nacional. Os campeonatos femininos, até pouco tempo incipientes ou inexistentes, estão aumentando, tanto em número de clubes participantes – o brasileirão feminino já tem duas divisões -, quanto em interesse das audiências.

De fato, as partidas do campeonato brasileiro feminino vêm ocupando o horário nobre dos canais esportivos em alguns dias da semana. E também têm tido mais espaço nos noticiários esportivos.

Isso acaba aproximando os torcedores das atletas, novas estrelas que, em outros tempos, só seriam apresentadas ao público nos torneios mundiais.

Hoje, é possível ver meninas boas de bola como Gabi Portilho, Bia Zaneratto, Vanessinha ou Gabi Zanotti praticamente toda semana, jogando por seus times e mostrando que podem, de fato, competir em alto nível.

Os clubes também têm feito a sua parte e estão investindo consistentemente nas equipes femininas. Evidentemente, os salários ainda não se comparam aos dos homens, mas já há bons sinais que o futuro caminhe para a isonomia salarial, ou ao menos para algo mais equilibrado.

Com os torneios vendendo naming rights e atraindo mais patrocinadores, e com os times negociando patrocínios de camisa, a tendência é que a remuneração – tanto das entidades esportivas quanto das jogadoras – aumente.

Mulher jogando futebol em gramado verde – Pixabay

No que toca à seleção, também há sinais positivos. A contratação da experiente Pia Sundhage, em 2019, trouxe experiência, novas metodologias, mas, principalmente, uma mentalidade vencedora.

Sem a pressão por resultados, fato tão comum no futebol masculino, Pia tem tido tranquilidade para trabalhar o desenvolvimento de uma nova geração de atletas. As novas meninas têm aprendido as melhores práticas de países onde o futebol feminino é grande, entre eles a Suécia, lar de Pia.

Se a seleção masculina tem tido problemas para marcar jogos contra as principais equipes do mundo, o mesmo não acontece com a seleção feminina.

Com uma agenda muito mais tranquila, o time Brasil consegue disputar diversos torneios internacionais e medir forças com os principais protagonistas mundiais. Uma experiência enriquecedora para as jovens jogadoras, que vão pegando casca para disputar os campeonatos internacionais, entre eles a ambicionada Copa do Mundo.

E é esse o santo graal que o futebol feminino do Brasil persegue – a Copa do Mundo, uma conquista que nem Marta, Formiga e companhia conseguiram trazer para casa.

O caminho para esse triunfo é longo e árduo, já que as grandes potências da modalidade não vão dar nada de graça. Mas, se o passado masculino ensina algo, é que novos campeões surgem a partir do esforço acumulado.

O fracasso na Copa de 50 fez o Brasil aprender como ganhar em 58. A Espanha bateu na trave várias vezes antes de ganhar em 2010. E a França saiu de coadjuvante frequente a candidata recorrente. Quem sabe não está na hora das brasileiras alçarem voos mais altos?