Faltando pouco para o Enem, muita gente admite: “não estudei como deveria”. A boa notícia é que desistir ainda na porta do local de prova não é a melhor opção. O Enem usa um modelo que valoriza o padrão de acertos e erros em relação ao conjunto dos participantes, o que significa que estratégia, calma e leitura atenta podem fazer diferença mesmo para quem não fez uma preparação intensa.
A seguir, um guia franco e prático para quem se sente despreparado, mas quer aproveitar ao máximo a chance na prova.
Entenda o jogo antes de começar
Mesmo sem revisão pesada, o candidato precisa saber o básico sobre a estrutura:
- 1º dia: Linguagens, Ciências Humanas e Redação.
- 2º dia: Matemática e Ciências da Natureza.
- Questões objetivas de múltipla escolha, todas com peso na nota final.
- Não há desconto por erro: deixar questão em branco é desperdiçar possibilidade de pontuar.
Saber isso muda a mentalidade: o objetivo deixa de ser “acertar tudo” e passa a ser “organizar o que sei, chutar com critério no que não sei e não perder pontos por falta de estratégia”.
Se não estudou, jogue a favor da interpretação
Quem não está com fórmulas e datas frescas precisa confiar em duas ferramentas acessíveis:
- Leitura atenta
Muitas questões do Enem podem ser resolvidas com interpretação de texto, análise de gráficos, identificação de ideia central e relação lógica entre trechos. Ler com calma, sublinhar palavras-chave e comparar alternativas evita erros por distração. - Conhecimento de mundo
Temas como cidadania, meio ambiente, tecnologia, saúde pública, direitos humanos, cultura e atualidades aparecem em textos, gráficos e situações-problema. Mesmo sem “decorar conteúdo”, a vivência ajuda a eliminar alternativas incoerentes.
Na prática, a orientação é: nunca marcar a primeira opção por impulso. Leia o enunciado com cuidado, elimine o que está claramente errado e escolha entre as mais plausíveis.
Como usar o tempo para não se afogar na prova
Sem conteúdo sólido, o pior erro é travar em uma questão difícil e perder tempo.
Estratégia simples:
- Faça uma 1ª volta rápida marcando as questões que parecem mais acessíveis.
- Pule as que exigem contas longas ou leitura pesada; marque com um sinal discreto no caderno.
- Na 2ª volta, encare as intermediárias.
- Deixe as mais difíceis para o final, com o tempo que sobrar.
Reserve um bloco só para preencher o gabarito, sem deixar tudo para os últimos minutos. E lembre: uma questão preenchida com dúvida vale mais do que uma questão em branco.
Redação: como não zerar mesmo sem ter treinado
Quem não treinou redação ainda pode evitar os erros que derrubam a nota:
- Estruture um texto em torno de um problema apresentado na proposta.
- Faça uma introdução clara, dois parágrafos de desenvolvimento e uma proposta de intervenção respeitando direitos humanos.
- Evite copiar trechos dos textos motivadores.
- Não fuja do tema, não use deboche, não deixe em branco.
Mesmo uma redação simples, organizada e objetiva tende a valer mais do que um texto improvisado sem estrutura.
Chute inteligente é ferramenta, não vergonha
No Enem, errar não reduz pontos. Por isso:
- sempre elimine alternativas absurdas ou que contrariem diretamente o enunciado;
- desconfie de opções muito extremas, quando o texto é equilibrado;
- use coerência: confira se a alternativa responde exatamente ao que foi perguntado.
Isso não substitui estudo, mas evita jogar fora chances que existem mesmo quando o conteúdo não está dominado.
O que não fazer no dia da prova
Mesmo sem estudo adequado, há atitudes que pioram o cenário:
- Chegar em cima da hora, aumentar o estresse e comprometer concentração.
- Ignorar o cartão de confirmação e ir para o local errado.
- Ficar olhando para o lado, comparando ritmo com outros candidatos.
- Desistir mentalmente no meio da prova.
A recomendação é encarar o exame como experiência real: conhecer o formato, testar resistência, aprender a controlar o tempo. Se o resultado vier melhor que o esperado, ótimo. Se não, a prova serve como diagnóstico para uma preparação mais séria no próximo ciclo.