Vídeo: Dona Irinéia mantém viva a tradição de transformar barro em arte

Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, a artesã é hoje uma das artistas mais reconhecidas da cerâmica popular brasileira.

↑ Dona Irinéia, Mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 — © André Palmeira

↑ Dona Irinéia, Mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 — © André Palmeira

Os traços quilombolas moldados no barro não negam a ancestralidade da artesã. Palmarina nata, Irinéia Rosa Nunes da Silva, a Dona Irinéia, moradora do povoado Muquém, em União dos Palmares, é hoje uma das artistas mais reconhecidas da cerâmica popular brasileira.

Aos 20 anos, a artesã começou a fazer peças utilitárias junto com a sua mãe para ajudar na renda familiar. Casou-se, separou-se. Depois da separação, conheceu Antonio Nunes, conhecido como “Seu Toinho”. Essa uma união trouxe um fôlego novo para o trabalho de Dona Irinéia.

Pouco a pouco a cerâmica utilitária foi dando lugar às esculturas, com as quais a artista ganhou fama e reconhecimento. Com Antonio, foram mais de 35 anos de trabalho amassando e modelando o barro. Entretanto, Toinho faleceu em novembro de 2020, após complicações causadas pela Covid-19.

A artesã também contraiu a doença um mês antes, e chegou a ser internada no Hospital Regional da Mata (HRM), mas se recuperou e recebeu alta. Mesmo com a repentina partida do esposo e com as sequelas deixadas pela Covid-19, os trabalhos não pararam.

“Eu pensei que com ele indo embora a gente ia parar, mas eu disse “não, nós não vamos parar não”. Eu passei quase um mês parada. [….] Depois desse “mairvado” [coronavírus], eu não pude mais puxar peças grandes”, disse Irinéia, que desde 2005 é considerada Patrimônio Vivo de Alagoas.

A filha, Mônica, dá prosseguimento à cultura passada de geração em geração. Mesmo criando um estilo próprio, ela não abre mão de manter os traços dos pais nas obras. Agora, ela também é responsável pela queima das peças em argila, que antes eram feitas por Toinho.

“É uma fonte de renda que ajuda bastante a gente e eu estou me dedicando cada vez mais. Estou criando o meu estilo, não deixando o dela de lado, eu tenho que criar meu nome também. Só que eu faço mais peças para ela do que pra mim, pois as pessoas procuram mais as delas, pois ainda estou iniciando”, contou Mônica.

Atualmente, aos 71 anos, Dona Irinéia tem 39 anos de ofício. O número de encomendas só aumentam, e com ele a sua imaginação e criatividade que fizeram nascer objetos singulares, além de levar o nome da cidade e do estado não só para o país, mas para todo o mundo.