O presidente Jair Bolsonaro criou um comitê que passará a administrar a Serra da Barriga, em União dos Palmares, interior de Alagoas, onde fica localizado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
De acordo com o decreto de Bolsonaro, publicado no Diário Oficial da União (DOU) e assinado pelo presidente da república e pelo ministro do Turismo, Gilson Machado, o comitê será chefiado pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo.
Desde a publicação do decreto, grupos culturais e o movimento negro tem se posicionado contra a criação desse comitê, sobretudo com a escolha de Camargo para comandá-lo, pelo fato de que em várias ocasiões o presidente da Fundação protagonizou ataques contra Zumbi dos Palmares, o personagem principal da história da Serra da Barriga.
Sérgio Camargo chegou a ser gravado durante uma reunião na Palmares, dizendo que Zumbi era um “filho da puta que escravizava pretos”.
“Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra [Dia da] Consciência Negra. Quando eu cheguei aqui, tinha eventos até no Amapá, tinha show de pagode com dinheiro da Consciência Negra. Aí, tem que mandar um cara lá, pra viajar, se hospedar, pra fiscalizar… Que palhaçada é essa?”, disse ele.
O comitê
De acordo com o decreto, o comitê deverá ajudar a Fundação Cultural Palmares a:
- elaborar um plano de gestão da Serra da Barriga;
- incentivar a participação dos visitantes na preservação do local;
- propor ações destinadas à preservação ambiental, conservação e à educação ambiental;
- divulgar ações e zelar pelo patrimônio cultura e imaterial da Serra da Barriga.
O comitê será formado por:
- presidente da Fundação Palmares;
- um representante da Diretoria do Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares;
- um representante da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo;
- um representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
- um representante da Universidade Federal de Alagoas;
- Representantes da comunidade local e do movimento negro poderão acompanhar as reuniões do comitê, mas não terão direito a voto.
São eles:
- um representante das comunidades remanescentes de quilombos de Alagoas;
- um representante da comunidade de matriz africana de Alagoas;
- dois representantes de moradores de União dos Palmares, Alagoas.