Cultura

Os 128 anos do poeta Jorge de Lima

Jorge de Lima escreveu poemas como "O acendedor de Lampiões", "A mão enorme", "Cachimbo do Sertão", entre outros.

Publicado: | Atualizado em 03/05/2021 08:20


Jorge de Lima - @Reprodução
Jorge de Lima - @Reprodução

No último dia 23 de abril, Jorge de Lima completaria 128 anos (1893 – 1953). Considerado o “Princípe dos poetas alagoanos”, o escritor palmarino marcou a história da literatura alagoana com o seu itinerário poético marcado pela multiplicidade de temas e formas literárias, que oscilaram entre diversos estilos literários, tais como o parnasianismo, modernismo, regionalismo, afro-nordestino, religioso, surrealismo, barroco, simbolismo, entre outros.

Apesar disso, o poeta costuma ser esquecido por muitos intelectuais da literatura brasileira, ainda que seja venerado por outros especialistas e leitores bem informados que reconhecem as suas obras.

João Gaspar Simões, na apresentação do livro Invenção de Orfeu (1952), de Jorge de Lima diz que: “Tudo entra no poema de Jorge de Lima concebido na febre que exalta, no sonho que dilata, no transe que confunde. E o passado junta-se ao presente. Memória e invenção, sonho e realidade, história e futuro, infância e ancestralidade confundem-se, como se, em verdade, o poeta formasse com o seu poema uma espécie de caos preparatório de onde surgirá um dia uma ordem ideal.”

+ Entenda por que Jorge de Lima é considerado o princípe dos poetas alagoanos

A trajetória do poeta na literatura e na vida foi marcada, entre outros aspectos, por sua transição do parnasianismo para o modernismo, os seus sonetos perfeitamente rimados e metrificados, o seu agnosticismo, a conversão ao catolicismo e, inclusive, a sua carreira como médico; em que Jorge tratou os doentes, “muitos dos quais homens dos mais ilustres do Estado”, como escreveu Arnon de Melo, citado por Povina Cavalcanti em Vida e Obra de Jorge de Lima (1969).

Natural de União dos Palmares, onde passou toda a sua infância, Jorge de Lima se mudou com a sua família em 1902 para a capital Maceió. No Colégio Diocesano de Alagoas, ele escrevia poemas para o jornal da escola. Em 1909, o poeta ingressou no curso de medicina na capital baiana, Salvador, mas terminou a graduação no Rio de Janeiro em 1915. No mesmo ano, retornou para Alagoas, a fim de trabalhar na área de formação, mas paralelamente se aprofundou na literatura. Além disso, Jorge de Lima também se envolveu com a política, sendo Deputado Estadual, e também Diretor-Geral da Instrução Pública e Saúde em Alagoas.

Autor de “Essa Negra Fulô”, uma obra que se tornou um ícone da literatura modernista brasileira, que faz parte do livro Poemas Negros (1947), o poeta é mencionado nos currículos escolares, mas devido à força da repetição, o valor do seu poema pode ser atenuado e despercebido. No entanto, não podemos esquecer o significado desses versos, escritos na linguagem coloquial de Jorge de Lima, em busca de um regionalismo universal.

Além dessa obra, Jorge também escreveu poemas como “O acendedor de Lampiões”, “A mão enorme”, “Cachimbo do Sertão”, Banhistas”, “Poema de qualquer virgem”, “O grande circo místico”, entre outras.

Para comemorar os 128 anos do Princípe dos poetas alagoanos, leiamos um dos seus poemas mais valiosos:

“Cachimbo do Sertão” em Poemas Negros (1947) de Jorge de Lima:

Que coisa gostosa só é cachimbar.

De dia e de noite, tem lua, tem viola.

As coisas de longe vêm logo pra perto.

 

O rio da gente vai, corre outra vez.

Se ouvem de novo histórias bonitas.

E a vida da gente menina outra vez

ciranda, ciranda debaixo do luar.

Se quer cachimbar, cachimbe sêo moço,

mas tenha cuidado! – O cachimbo de barro

se pode quebrar.


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