Cultura

História: Maria Mariá, a revolucionária que entrou para a história de União dos Palmares

Ela foi professora, historiadora, pesquisadora e enfrentou preconceitos na busca por seus anseios

Publicado: | Atualizado em 07/09/2019 22:47


Museu Maria Mariá (Reprodução)
Museu Maria Mariá (Reprodução)

União dos Palmares- Cidade polo da zona da mata alagoana, União dos Palmares se caracteriza como sendo o berço de grandes nomes da literatura, da resistencia e das lutas. Dentre tantos nomes marcantes, que construíram a história da terra da liberdade, hoje, daremos destaque a Maria Mariá de Castro Sarmento.

Nascida em 16 de Junho de 1917 em um povoado próximo a cidade, onde hoje fica a extinta usina Laginha, Mariá era filha de Silvio de Mendonça Sarmento e de Ernestina de Castro Sarmento. Teve cinco irmãos: Maria Luisa, Paulo, José Silvio, Luis e Maria Silvia.

Maria Mariá iniciou seus estudos no grupo escolar Rocha Cavalcante. Já em Maceió, completou a sua educação formal na Escola Normal. Além de professora, Maria Mariá era amante da leitura e com isso, ampliou seus conhecimentos. Em 1960, voltou a estudar e concluiu o curso de contabilidade.

Decidida e de pulso firme, ela foi contrária as práticas tradicionais das escolas de sua época, abolindo o uso da Palmatória, classificada por ela como um instrumento de tortura e também eliminou apedra que os alunos precisavam carregar quando precisavam ir ao banheiro.

No ano de 1955, ela assumiu a direção do grupo escolar Jorge de Lima. No ano seguinte, passou a dar aulas de gramática no ginásio Santa Maria Madalena. Oito anos depois, assumiu a sétima Impetoria Regional.

Maria Mariá não se contentava com a situação da educação no estado e no dia 28 de Abril de 1963, publicou no jornal Gazeta de Alagoas, uma carta aberta ao então diretor da educação no estado, sem medo de perder seu cargo e sem temer qualquer outro tipo de perseguição politica.

Ela também foi credenciada como jornalista pela Associação Alagoana de Imprensa em 17 de Dezembro de 1965 de tanto escrever para os jornais.

Enfrentando tabus, Maria Mariá foi a primeira mulher a usar calça comprida em União dos Palmares. Era acusada de se vestir como homem. Além disso, ela não tinha medo de entrar nas rodas de jogos de baralho e dominó com os homens da cidade.

Maria Mariá não chegou a se casar e com isso, nada a impedia de frequentar o mundo boêmio mesmo sabendo que tais atitudes chocavam as familias tradicionais da época. Fumava em público, tocava violão , bebia nos bares e botecos, promovia vaquejadas, incentivava a criação de blocos carnavalescos. Maria Mariá era respeitada por todos e onde chegava, era vista como uma mulher de muita coragem e determinação.

A CASA MUSEU

A casa onde Maria Mariá viveu e morreu, foi transformada em um museu e contém os pertences da professora, historiadora, jornalista e folclorista. Foi fundado em 1993 e inicialmente se constituiu numa sociedade cultural mantida pela familia Sarmento.

O museu contém móveis, utensílios domésticos artigos jornalísticos e fotografias colecionados e catalogados por Maria Mariá. Localizado ao lado do museu do poeta Jorge de Lima e do parque Quilombo dos Palmares, o museu se constitui numa  importante contribuição para o enriquecimento da cultura brasileira.

Reformado em 2011, o museu passou aos cuidados da secretaria municipal de cultura do município de União dos Palmares, hoje extinta e transformada em diretoria. Em 2013, a casa-museu Maria Mariá participou das atividades da sétima primavera dos museus, programa realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus, órgão ligado ao extinto Ministério da cultura do Brasil.


Comentários


    Entre para nossos grupos

    Telegram
    Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
    WhatsApp
    Entre e receba as notícias do dia
    Entrar no Grupo


 
 
 
Especiais

Especial
Livro ensina técnica de leitura usada por Sherlock Holmes para expandir a memória

Aprenda a Melhorar sua Memória, Lendo até 10 Vezes Mais Rápido e Retendo Até 100% do Conteúdo


veja também

Jorge de Lima
Cultura
Jorge de Lima: 131 anos do nascimento do poeta palmarino

O poeta palmarino marcou a história da literatura alagoana com a sua rota poética marcada pela multiplicidade de temas e formas literárias.


Jorge de Lima, o Príncipe dos poetas alagoanos. — © Reprodução
Cultura
Prefeito Kil divulga programação de celebração da Semana Jorge de Lima

A comemoração começa hoje, às 19h, na Casa do ilustre escritor, na praça Basíliano Sarmento.


Foto: Felipe Correia
Cultura
São João de Caruaru 2024 começa na zona rural nesta sexta-feira (19)

Neste ano, o São João em Caruaru vai até o dia 29 de junho, com 72 dias de muita festa.


Renan Filho, Mãe Neide e Tutmés - @Reprodução
Cultura
Renan, Mãe Neide e Tutmés serão homenageados com o prêmio Selma Brito nesta 4ª

Estes profissionais se distinguiram em suas respectivas áreas e contribuíram para o desenvolvimento cultural e profissional em seus campos.


Serra da Barriga - @Reprodução
Cultura
Serra da Barriga pode se tornar o único local de celebração oficial do Dia da Consciência Negra

O projeto tem sido dialogado entre o Governo de Alagoas e a Fundação Cultural Palmares.