Nesta segunda-feira (9), foi lançado mais um vídeo do Projeto Alagoas Literária, no canal do YouTube da Academia Alagoana de Letras, organizadora da iniciativa que tem como objetivo levar o público a visitar as cidades alagoanas, através das histórias contadas por literatos. Desta vez, o convidado foi o palmarino Geraldo Vergetti, que contou com uma riqueza de detalhes culturais um pouco da sua experiência com a literatura na adolescência, bem como as histórias que escutou e vivenciou em União dos Palmares, que influenciaram fortemente a sua paixão pela história oral.
Geraldo iniciou o episódio voltando no tempo, quando tinha os seus 17 ou 18 anos, e possuía um grupo literário com os amigos, os quais costumavam se reunir na farmácia do Dr. Hermano Plech. Nas reuniões, os meninos discutiam sobre a vida de Jorge de Lima, como, por exemplo, se ele era religioso ou ateu. Além disso, tinham interesse pela história de Brasiliano Sarmento, que possuiu uma das maiores fortunas da cidade.
“E as nossas discussões era a respeito, por exemplo, da vida do Jorge de Lima, alguns de nós pensavam ‘ah, mas o que Jorge de Lima escreveu, ele era religioso? Não, era ateu.’ Tomava muito tempo as discussões, principalmente, porque nós tinhamos um companheiro, que era vereador, Carlos Sarmento Plech, que levantava sempre essas questões do Jorge de Lima, como também do Brasiliano Sarmento”, conta Vergetti.
Diante disso, segundo o literato, a reunião girava, principalmente, em torno do poder econômico e político de Brasiliano, toda a fofoca sobre a sua herança e suas terras. Vergetti conta que os moradores de União diziam que Sarmento subia em uma das torres da igreja, olhava para os quatros cantos e dizia “tudo é meu!”. Ele era o senhor de todas as propriedades agrícolas.
Geraldo também contou que houve uma luta entre o coronel Rocha Cavalcanti e Brasiliano Sarmento. O coronel se desentendeu com Sarmento, pois ele cobrou pedágio da ponte que Cavalcanti construiu sobre o Rio Mundaú. O coronel era contrário a cobrança do pedágio do povo.
No mais, o que também motivou a reunião de Geraldo com os seus amigos foi a convocação dos seus pais para a guerra. “Também há uma coisa que nos motivava muito, é que nós tinhamos acabado de sofrer a convocação dos nossos pais, que foram convocados para guerra, que não chegaram a ir para Itália, mas tudo isso faz parte da literatura”, declarou.
Além dos relatos sobre a vida de Jorge de Lima e Brasiliano Sarmento que marcaram sua juventude, Geraldo fez questão de ceder espaço em sua apresentação histórica e literária da cidade de União para uma figura ímpar: Maria Mariá de Castro Sarmento. “Essa mulher fez uma revolução social não só no município de União dos Palmares, como em torno de União. Foi a primeira mulher a andar a cavalo, ela bebia cachaça nos bares, não pra ficar embriagada […] e foi uma das primeiras pessoas a usar calça comprida, uma mulher não usava calça comprida, e Maria Mariá foi essa pessoa, que escreveu na Gazeta de Alagoas belos artigos e chegou inclusive a organizar o museu que tem o seu nome.”
Outra curiosidade contada por Vergetti foi que quando ele era adolescente perguntou ao avô o porquê do nome Sueca. O seu avô respondeu que os antigos diziam que o capitão Sueca, que foi o último Zumbi, fugiu da Serra da Barriga e foi assasinado em uma pedra que tem no Vale do Sueca, chamada “Pedra do Negro”.
Toda essa cultura oral encantou Geraldo de tal forma, que na adolescência ele se interessou em buscar o significado do Vale do Sueca e o motivo de Zumbi carregar esse nome. Foi no livro do Prof. Jaime de Altavila, que ele encontrou a resposta. Para o literato, esta é a melhor obra escrita sobre a Serra da Barriga.
Para saber mais sobre as histórias ricas contadas por Geraldo Vergetti a respeito das figuras importantes da literatura e da cultura de União dos Palmares, assista ao vídeo na íntegra.
