Cultura

Fundação Palmares diz que Zumbi era gay, e um mito criado por comunistas

O artigo publicado com a promessa de revelar a verdade sobre Zumbi dos Palmares, o chama de "Zorro afro-brasileiro".

Publicado: | Atualizado em 13/05/2020 15:18


Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares

Um artigo publicado pela Fundação Cultural Palmares, nesse dia 13 de maio, data em que se comemora a sanção da Lei Áurea pela princesa Isabel, prometeu trazer “a verdade sobre Zumbi dos Palmares”, considerado o mais conhecido líder dos Quilombos.

A narrativa publicada trás fatos considerados históricos, cita trechos de livros publicados por diferentes autores, entre eles; Laurentino Gomes e Olavo de Carvalho, para embasar os argumentos de que Zumbi dos Palmares foi um mito criado por membros do PCB – Partido Comunista Brasileiro – na década de 1970, e chamou o episódio de “mentira histórica”.

Zumbi dos Palmares, o desconhecido

O polêmico artigo diz que Zumbi dos Palmares era um ilustre desconhecido, até que autores como; Décio Freitas, Astrojildo Pereira e Joel Rufino dos Santos, fizeram dele um herói, com o objetivo de dar vida a uma causa;

– Foi providencial, então, ressuscitar a distante figura de Zumbi dos Palmares, um ilustre desconhecido até o início dos anos 1970. Ele era perfeito para se encaixar na mitologia da luta de classes do negro contra o branco opressor. Por isso, Décio Freitas e outros, como Astrojildo Pereira e Joel Rufino dos Santos, os dois primeiros ligados ao PCB e o último, ao PDT, escreveram livros sem nenhum lastro documental retratando Palmares como uma “república socialista” que acolhia negros, oprimidos e marginalizados e Zumbi como um herói defensor da liberdade, dos oprimidos, dos injustiçados, que desafiava o status quo da época e promovia em Palmares uma “comunidade livre”, com assembleias populares nas quais todos eram ouvidos. Isso nunca foi documentado e pode ser reputado com o exemplo de“mentira histórica”.

Zumbi era homossexual

Em um determinado trecho, são narrados detalhes históricos do que teria acontecido com Zumbi dos Palmares após a sua morte, no dia 20 de novembro de 1695, em um ataque liderado por Domingos Jorge Velho.

– Zumbi foi morto. Sua cabeça foi decepada, salgada e levada para Recife, tendo sido exposta publicamente para servir de exemplo a outros negros que ousassem fugir. Depois disso, Zumbi foi castrado e teve o pênis enfiado dentro da boca, uma forma antiga de humilhar os homossexuais. Mas disso o Movimento Negro faz silêncio sepulcral, pois é conveniente que o mito etnocultural do libertador dos negros seja viril.

Serra da Barriga

A Serra da Barriga, onde foi localizado o principal Quilombo, o Quilombo dos Palmares, também foi citado no longo texto;

– Há documentos de época do Quilombo dos Palmares, situado no estado de Alagoas, na Serra da Barriga. Eles nos desvendam o fato de que, por exemplo,“quando negros fugiram, crioulos foram enviados atrás deles, que foram capturados e mortos, de modo que o terror agora reina entre eles, especialmente entre os angola”. A documentação é “relativamente escassa”, não se sabendo dele a origem, costumes, procedência dos seus habitantes, religião dominante. O que se sabe é que o Quilombo era o maior dos que se teve notícia e que até mesmo o Padre Vieira escreveu carta ao rei de Portugal a respeito do ajuntamento, em julho de 1691.

Fundação Palmares foi criada com base em mitos

Se Zumbi dos Palmares foi um mito histórico sem nenhuma relevância cultural, então, sob que pilar foi construída a Fundação Palmares?

A essa pergunta, o artigo não se furta, ao contrário, admite que a Fundação Cultural Palmares foi criada com base em mitos, e ainda critica todo o dinheiro empenhado para propagar o que chama de “mistura de Robin Hood e Zorro afro-brasileiro”.

– No âmago de seu próprio nome a Fundação traz dois mitos: a ideia de que o Quilombo dos Palmares foi uma espécie de lieu de résistance socialista, fraternal e abolicionista, e a falsa imagem de Zumbi dos Palmares como um herói virtuoso, mistura de Robin Hood e Zorro afro-brasileiro, católico, versado em latim e português, exímio estrategista, descrito em literatura de dois ou três autores na década de 1970 e recriado posteriormente, nas décadas vindouras, em centenas de TCCs, dissertações de mestrado e teses de doutorado de universidades brasileiras em cursos de Humanas os mais diversos, além de monumentos públicos, histórias em quadrinhos, músicas, pinturas etc. Para isso, dezenas de milhões de reais, ao longo de décadas, têm sido investidos em políticas racialistas sob o pretexto de reforçar e valorizar a identidade da população negra.


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