Fernando Holiday pede fim de homenagens a Zumbi dos Palmares em SP

Para Holiday, Zumbi dos Palmares é uma figura considerada "controversa", com poucos registros documentais. E, portanto, não deveria ter tanto destaque.

Fernando Holiday - @reprodução

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Uma iniciativa do vereador de São Paulo, Fernando Holiday (Patriota), propõe que o município substitua a figura de líder da resistência negra, atribuída a Zumbi dos Palmares, e passe a homenagear o advogado, poeta, jornalista e abolicionista Luiz Gama.

O parlamentar é defensor do fim das celebrações feitas no 20 de novembro, dia em que se comemora a Consciência Negra, compactuando com o que também defende o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo.

Holiday teria enviado uma carta para os seus colegas parlamentares na Câmara, e na tentativa de convencê-los, também enviou o livro “Luiz Gama – o advogado dos escravos”. A proposta é mostrar para os outros vereadores que Zumbi não tinha a mesma influência que Gama.

Para Holiday, Zumbi dos Palmares é uma figura considerada “controversa”, com poucos registros documentais. E, portanto, não deveria ter tanto destaque.

Repercussão

A iniciativa de Fernando Holiday causou uma enorme repercussão dentro do movimento negro. Para o escritor Oswaldo Faustino, militante do Movimento Negro e autor do livro “A Luz de Luiz – por uma terra sem reis e sem escravos”, não faz qualquer sentido suscitar a substituição da homenagem do 20 de novembro pela data de nascimento, por exemplo, de Luiz Gama.

“Não há relação da data [20 de novembro] com a vida de Luiz Gama. Não vejo porque lançar luz sobre iniciativas desse tal vereador que não objetiva nada favorável ao nosso povo. O mesmo indivíduo que quer acabar com as cotas no serviço público, em nome de “direitos iguais”, por que razão está interessado na valorização de Luiz Gama?”, considera o autor.

Faustino lembra que Gama nasceu em 21 de junho e morreu em 24 de agosto, duas possíveis datas que poderiam ser celebradas sem tirar a homenagem a Zumbi no dia 20 de novembro.

Para Faustino, a ideia central é distorcer a história da luta contra a escravidão. “Apaga-se Zumbi e a história quilombola do coletivismo, mas individualiza a luta, como se Luiz Gama tivesse agido sozinho e não fizesse parte de uma rede de construtores da luta”, finaliza.

Vereador Fernando Holiday – @Reprodução