Entenda por que Jorge de Lima é considerado o príncipe dos poetas alagoanos

Você sabia que foi devido a um dos seus estilos literários, que o escritor foi chamado de “Príncipe dos Poetas Alagoanos”? E mais, que antes dele, outro poeta recebeu um título semelhante?

Jorge de Lima, o Príncipe dos poetas alagoanos. — © Reprodução

Jorge de Lima, o Príncipe dos poetas alagoanos. — © Reprodução

Jorge Mateus de Lima (1893 – 1953) foi um escritor alagoano e palmarino com um itinerário poético marcado pela multiplicidade de temas e formas literárias. Isto porque o poeta oscilou entre diversos estilos literários, tais como o parnasianismo, modernismo, regionalismo, afro-nordestino, religioso, surrealismo, barroco, simbolismo, entre outros.

Mas você sabia que foi devido a um desses estilos, que o escritor foi chamado de “Príncipe dos Poetas Alagoanos”? E mais, que antes dele, outro poeta já havia recebido um título semelhante?

O estilo trata-se do parnasianismo, e o poeta referido é Olavo Bilac, considerado o maior representante do Parnasianismo no Brasil. Bilac foi o primeiro poeta a ser eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros” em 1907, pela revista Fon-Fon, após a publicação de sua primeira obra Poesias (1888), que lhe trouxe o sucesso e o reconhecimento.

Esta iniciativa, com pioneirismo absoluto, se deve ao papel de destaque da revista “Fon-Fon”, do Rio de Janeiro, que em 1907, com a participação de intelectuais de todo país, elegeu Olavo Bilac como o primeiro poeta a assumir o posto no panteão do Principado da Poesia Brasileira. Depois de 40 anos, outros órgãos da imprensa imitaram a iniciativa, a exemplo do jornal “O correio da manhã”, também do Rio.

Mas por que Jorge de Lima recebeu a mesma nomeação que Bilac? Esse fato se deve ao seu primeiro livro de poemas XIV Alexandrinos (1914), que possuía muitas características do parnasianismo tais como as dos poemas de Olavo Bilac, e por isso ele também foi chamado de “O Príncipe dos Poetas”, como um modo de vincular os seus primeiros escritos publicados ao tipo de poesia publicado pelo poeta pioneiro do principiado da poesia brasileira, além de receber destaque no seu estado.

Obra Alexandrinos XIV, de Jorge de Lima— © Reprodução

Entretanto, há uma diferença entre os títulos dos dois poetas. Pois enquanto Olavo Bilac foi reconhecido nacionalmente como “O Príncipe dos Poetas Brasileiros”, Jorge de Lima foi chamado de “O Príncipe dos Poetas Alagoanos”.

Além disso, não foi somente Olavo Bilac e Jorge de Lima que receberam esse título, pois nos anos seguintes, outros poetas também receberam esse reconhecimento, mas como “príncipe dos poetas brasileiros”, na medida em que publicaram suas obras poéticas, tais como: Alberto de Oliveira, Olegário Mariano, Guilherme de Andrade e Paulo Bomfim.

Mas apenas Jorge de Lima recebeu o título de “Príncipe dos poetas” do estado de Alagoas.

É importante destacar que essa e outras nomeações eram – e ainda são – adotadas pelos intelectuais como uma forma de identificar, bem como de reconhecer e exaltar os escritores que deixaram – e deixam – a sua marca na Literatura Brasileira.

Entretanto, Jorge de Lima abdicou do título de “Príncipe” após ter abandonado o parnasianismo, e adentrado na sua fase modernista.

Leia abaixo um dos poemas de Jorge de Lima, inclusos no livro XIV Alexandrinos (1914), “Domínio Régio”:

Investiguei a Grécia em Platão e em Homero,
Vi Sócrates beber a taça de cicuta…
Depois passei a Roma e analisei de Nero
Na boca de Petrônio essa face corrupta.

Conheci Santo Anselmo e São Tomás, Lutero,
Estudei de Voltaire a inteligência arguta
E finalmente andei como se fosse Asvero
Pela Ciência e a História em requintada luta…

Mas a Arte é que me impõe o seu domínio régio
E é por isso que adoro a mão de Tintoretto
E a sublime palheta e o pincel de Correggio…

E é por isso que eu amo o verso alexandrino
E burilo, Mulher, este pobre soneto
Inspirado a pensar em teu perfil divino.