Crime

“Raio X” de Lázaro Barbosa, o criminoso que leva terror a Goiás

O criminoso tem sido o homem mais procurado do Distrito Federal nos últimos dias e diz ser perseguido por uma espécie de "demônio" ou "espírito".

Publicado: | Atualizado em 15/06/2021 22:36


Lázaro Barbosa Sousa
Lázaro Barbosa Sousa

Nos últimos dias, Lázaro Barbosa Sousa, de 33 anos, apelidado de “Índio”, tem sido o homem mais procurado do Distrito Federal por ter matado uma família em Ceilândia, no último dia 9 de junho. Cerca de 200 agentes das polícias federal, rodoviária, civil e militar de duas unidades da federação continuam as buscas pelo criminoso que tem aterrorizado os moradores da região com a sua fuga. De acordo com informações obtidas pelos investigadores, Lázaro diz ser perseguido por uma espécie de “demônio” ou “espírito”.

Sousa é natural de Barra do Mendes, na Bahia, mas mudou de estado e continuou deixando rastros de sangue pelo caminho. Ele já foi preso por alguns crimes, mas conseguiu fugir. É dono de uma extensa ficha criminal que inclui uma condenação por homicídio na Bahia, um mandado de prisão decorrente de uma condenação por estupro e roubo com arma de fogo em Brasília, uma suspeita de um ataque com golpes de machado na cabeça de idosos em Goiás, e agora é suspeito de mais quatro assassinatos recentes no Distrito Federal.

Na última quarta-feira (9), Lázaro invadiu a residência de uma família, no Incra 9 de Ceilândia Norte, por volta das 2h. Ao arrombar a porta, em questão de poucos minutos, ele matou Cláudio Vidal, 48 anos, e os seus dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15, a facadas. Antes do criminoso entrar na casa, a empresária Cleonice Marques, esposa de Cláudio e mãe dos meninos, conseguiu ligar para o irmão pedindo socorro. Quando o familiar chegou ao imóvel, se deparou com os corpos no quarto e não encontrou Cleonice. No entanto, antes de morrer, Cláudio conseguiu alertar o cunhado: “Age rápido. Levaram a Cleonice”.

No dia seguinte (10), as forças de segurança do DF se mobilizaram em uma operação para encontrar a mulher e o suspeito. Foram feitas buscas com cães farejadores, além do uso de drones, em um matagal próximo. Cleonice foi encontrada morta de forma brutal três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes nas costas e nas nádegas, além de um tiro na cabeça.

Desde então, Lázaro continua fugindo da polícia, uma vez que é conhecido por ter grande capacidade de sobreviver na mata e por sua habilidade de fugir das autoridades com muita facilidade.

Fuga de Lázaro

Após matar pai, mãe e os dois filhos na quarta-feira (9/6), Lázaro voltou a aterrorizar os moradores da região. Durante os últimos dias de fuga, o homem teria invadido várias residências e chácaras das proximidades, e feito os moradores e caseiros de reféns, colocando-os na mira de seu revólver e obrigando-os a fumarem maconha, além de ter furtado alguns bens.

Em algumas das invasões, ele chegou a roubar um Fiat Pálio em Ceilândia. Com o carro, ele se dirigiu a Cocalzinho, desta vez em Goiás, onde abandonou e incendiou o veículo. As investigações apontam que lá, possivelmente, ele se encontrou com um comparsa que o ofereceu suporte. Após isso, ele chegou a balear três homens e roubou duas armas de fogo. Um homem foi socorrido e não corre risco de vida, mas os outros dois homens foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e transferidos para Anápolis (GO), em estado grave.

O homem que passa bem disse que estava conversando com os outros dois, quando Lázaro chegou invadindo, por volta das 19h, e atirando. “Meus dois amigos ficaram muito feridos e eu fui baleado na perna”, contou ele enquanto saia do hospital com um ferimento na perna. “Estou bem, mas vou passar no Hospital de Anápolis para ver meus amigos”, disse ao Correio Braziliense. “Ele é alto, magro, moreno, estava de barba e vestindo bermuda”, completou.

Laudo criminológico: “Agressividade, impulsividade, preocupações sexuais”

Lázaro já era conhecido pelas autoridades policiais. Em 2013, quando respondia um processo por roubo, porte de arma de fogo e estupro, psicólogos realizaram um laudo criminológico para investigar o perfil psicológico do criminoso. O laudo, divulgado pelo G1, apontou que ele tinha características de personalidade como “agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.

O documento também indicava que Lázaro “tinha consciência de sua atitudes” e que, apesar de “assumi-las e perceber o sofrimento causado em terceiros (passos importantes no processo de ressocialização), percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados a dependência química, fato do qual o periciando não tem autocontrole, haja vista uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e vício no crack após a prisão”.

Os psicólogos que assinaram o laudo apontam que, caso Lázaro Barbosa fosse “inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir”, e que antes de conceder qualquer benefício, “com o objetivo de promover um retorno saudável do indivíduo ao convívio social, tanto para si quanto para a coletividade” seria necessário o acompanhamento psicológico de Lázaro, “de forma regular e frequente”.

Além disso, os profissionais indicaram que Lázaro fosse incluído em grupos de ajuda “tanto para dependentes químicos quanto para abusadores sexuais”.

O laudo ainda destaca que o criminoso teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado por agressão familiar, uso abusivo de álcool e outras drogas, falecimento de familiar, abandono de atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.

Livro místico como “proteção espiritual”

Segundo o site UOL, em mensagens trocadas entre policiais da força-tarefa, um investigador disse aos colegas que Lázaro anda com uma espécie de livro místico, que lhe garante “proteção espiritual”.

Além disso, as informações teriam sido oferecidas pelo próprio suspeito às vítimas, que confirmam que ele se diz possuído. Os policiais acreditam que o criminoso também faz parte de uma seita. O tenente-coronel Dalbian Rodrigues, da assessoria de comunicação da PM de Goiás, disse à reportagem da UOL que realmente foi localizado uma espécie de “altar” em que o criminoso faria “rituais espiritualistas” numa casa utilizada por ele. O imóvel fica em Cocalzinho (GO), no entorno de Brasília.

Ao site Metrópoles, o tenente Gérson de Paula, da PM de Goiás, reforçou a teoria, dizendo que o suspeito faz parte de uma “seita”, e que alega ser possuído por um espírito ou um demônio. Ainda segundo o militar, o criminoso teria dito que “vai levar o tanto de gente que puder”.

Oração de São Cipriano

Segundo moradores da Barra do Mendes, a história da família de Lázaro é “macabra”. Segundo uma internauta e moradora da cidade, “o avô dele era conhecido por saber umas rezas de entidades e passou todas para ele”.

As tais rezas, segundo os moradores, seriam a “Oração de São Cipriano”, comumente usada para amarrações, fechar o corpo, etc. No caso de Lázaro, eles afirmam que a oração faz com que o criminoso fique “invisível”. Por esse motivo, ele dificilmente é encontrado pelas autoridades policiais.

Ainda segundo a internauta, Sousa nunca viveu no povoado, pois ele preferia morar nos matos da serra, e só ia ao povoado para comer. O fato de Lázaro preferir morar na mata, explica o conhecimento que ele tem para sobreviver e se esconder nesses lugares. “Quando ele se entregou, ele contou todos os passos que os policiais davam, que passava por ele e não o via”, finalizou a internauta.

Condenação por homícidio aos 20 anos

Quando Lázaro tinha 20 anos, foi aberto um processo criminal por assassinato na sua cidade natal, Barra do Mendes, na Bahia, crime pelo qual foi condenado pela Justiça. Segundo o mandado de prisão em aberto, o ato ocorreu com o agravante legal de “traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”.

Em 2011, passou a responder por outro processo criminal em Brasília. A 19ª Delegacia de Polícia, de Ceilândia, havia aberto um inquérito contra ele. Lázaro foi condenado por estupro e roubo com emprego de arma de fogo.


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