Motorista que matou jovem trans alagoana em SP pode ser levado a júri popular

Lúcio Douglas foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pelos crimes de homicídio doloso e ocultação de cadáver.

Anna Luisa Pantaleão Santos, uma jovem transexual morta em São Paulo

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O motorista de aplicativo Lúcio Douglas Rabelo da Silva, de 21 anos, que confessou ter matado a mulher trans alagoana Anna Luiza Panteleão, de 19 anos, em São Paulo, no ano passado, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pelos crimes de homicídio doloso e ocultação de cadáver. Ele pode ser levado a júri popular.

O corpo da vítima que era natural de Pão de Açúcar, interior de Alagoas, foi encontrado às margens de uma rodovia, em São Paulo, no dia 19 de setembro de 2023.

Segundo o motorista, ele estava trabalhando em uma madrugada, quando resolveu contratar os serviços de garotas de programa. No entanto, ao ver Anna Luiza, ele não esperava que ela fosse uma mulher trans, motivo pelo qual desistiu do serviço.

Ainda segundo o homem, a jovem estava alcoolizada, e se revoltou com a recusa, sacando um canivete de sua bolsa. Os dois acabaram entrando em uma luta corporal, onde a alagoana foi ferida no pescoço com o objeto. Ele alegou legítima defesa.

Após o ocorrido, o motorista relatou que levou o corpo de Anna Luiza para um motel, em um município vizinho, com o objetivo de enrolá-lo em um lençol e levá-lo para um local baldio.

Na denúncia, o promotor do caso cita que a vítima não teve chance de defesa, e que o crime foi cometido por razões da condição do sexo feminino.

“O crime foi cometido por meio cruel, porquanto o denunciado esfaqueou a vítima dentro do seu carro, fazendo com que ela agonizasse sem qualquer chance de socorro, impingindo a ela atroz sofrimento. O delito foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, porquanto o denunciado a atacou durante a madrugada, com uma faca e no interior do seu veículo, dificultando a capacidade de reação e socorro dela. Finalmente, o crime foi praticado contra a mulher por razões da condição do sexo feminino, porquanto envolveu violência doméstica e familiar contra é mulher. Com efeito, embora do sexo biológico masculino, a vítima havia adotado identidade de gênero feminina; ela era conhecida e tratada socialmente como mulher, por seus familiares, amigos e pessoas com quem convivia”, cita o promotor do caso na denúncia.

O promotor pede ainda que Lúcio seja levado a júri popular. A denúncia já foi aceita pela Justiça de São Paulo. No entanto, ainda não há uma previsão da data do julgamento.