30 anos da morte do vereador alagoano Renildo, decapitado por se declarar gay

Hoje a memória de Renildo é lembrada por todos os apoiadores do movimento LGBT. 

Vereador Renildo José dos Santos | © Reprodução

Vereador Renildo José dos Santos | © Reprodução

O preconceito ainda é na sociedade brasileira um grande problema a ser solucionado. A maioria dos tabus estão enraizados até os dias atuais muitas vezes, ou na maioria delas, pelo fato de muitas pessoas carregarem consigo a cultura machista e patriarcal. E foi desta forma que, há exatos 30 anos, o vereador alagoano Renildo José dos Santos viu sua vida ser arruinada pelos preconceituosos extremistas, que não admitiam sua sexualidade.

Assumidamente homossexual, Renildo era morador da cidade alagoana de Coqueiro Seco, lugar este em que o parlamentar foi jurado de morte, impedido de entrar na Câmara Municipal e ameaçado de perder o seu mandato.

O vereador denunciou sua situação à Comissão de Direitos Humanos da ONU, após ser alvo de um atentado, onde recebeu três tiros. Além disso, ele também solicitou proteção policial ao governo estadual. Entretanto, duas semanas depois de enviar o ofício à Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, Renildo, de 35 anos, foi sequestrado por homens armados com metralhadoras, na noite de 10 de março de 1993.

Em 16 de março de 1993, uma irmã do parlamentar, Leude Maria dos Santos, foi chamada para reconhecer a cabeça de Renildo, que havia sido encontrada em uma poça de lama na cidade de Água Preta, em Pernambuco, sem orelhas, a língua e os olhos.

O caso ganhou repercussão internacional, sendo noticiado em diferentes países. Ainda nos dias de hoje, o crime é relembrado por ativistas da comunidade LGBT, tanto por sua brutalidade quanto pelo tempo que levou até haver algum tipo de punição. E foi apenas em 2015, que os condenados do caso começaram a cumprir pena.

Na época Renildo  vinha sendo perseguido por um temido “coronel” local, o fazendeiro José Renato Fragoso, pai do prefeito, Tadeu Fragoso, a quem o vereador fazia oposição. O parlamentar, antes de ser sequestrado, deixou uma carta responsabilizando o fazendeiro e o próprio Tadeu Fragoso por qualquer crime em que fosse vítima.

Além disso, o delegado da cidade, Benício Gomes, foi exonerado do cargo pelo então secretário de Segurança de Alagoas, Wilson Perpétuo. Benício era acusado de estar envolvido com o prefeito na trama.

Hoje a memória de Renildo é lembrada por todos os apoiadores do movimento LGBT.

*Com O Globo