Vítima da Covid-19, Major Olímpio não pode ter órgãos doados; entenda

Segundo especialistas, os órgãos de pacientes mortos pela Covid-19 podem infectar o receptor.

Major Olímpio — © Reprodução

Major Olímpio — © Reprodução

A morte do senador Major Olímpio (PSL), causada por complicações da Covid-19, foi confirmada nesta quinta-feira (18/03). Ele estava internado desde o dia 2 deste mês por infecções ocasionadas pela doença. Segundo uma publicação do site G1, a família do senador “está verificando quais órgãos serão doados”.

No entanto, os especialistas da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e do Ministério da Saúde destacam que os pacientes infectados com o novo coronavírus não podem ter os respectivos órgãos doados. Eles afirmam que existem riscos da doença infectar o receptor do órgão.

A assessoria do senador publicou no twitter o anúncio da morte do parlamentar: “Por lei, a família terá que aguardar 12 horas para confirmar o óbito e está verificando quais órgãos serão doados”.

Um nota divulgada pelo Ministério da Saúde informa que existe uma “contra indicação absoluta para doação de órgãos e tecidos” de pessoas que morreram por complicações causadas pela Covid-19. Entretanto, há condições para aqueles que são considerados “curados”, caso morram após 28 dias de terem se recuperado da doença.

De acordo com o ministério, apenas nestes casos específicos, haverá condições para liberação dos órgãos. No entanto, esse processo deve passar por uma análise de uma equipe especializada em transplante para então acontecer a liberação dos órgãos.

Entenda os riscos para o receptor

Segundo Paulo Pêgo, diretor e membro da ABTO, não é permitido a doação de órgãos de pacientes que morreram por complicações ocasionadas pela Covid-19. Para ele, o vírus continua em circulação no corpo da vítima, podendo transmiti-lo para o receptor.

– É muito grave. Um transplante de órgãos, o receptor está imunossuprimido, e o órgão já vem contaminado por Covid, a chance da pessoa que receber o órgão morrer é muito grande – explica.

Pêgo esclarece que, os pacientes que estão na fila de transplante precisam receber medicamentos imunossupressores, para que não apresentem rejeição ao tecido “estranho” implantado durante o procedimento cirúrgico.

De acordo com o diretor, a união desses procedimentos, extremamente arriscados e invasivos, com uma possível infecção da Covid-19, acrescentados a um sistema imunológico frágil, seria como juntar diversos fatores graves ao implante.