Patrimônio vivo de Alagoas, Dona Irinéia é internada com Covid-19

Dona Irinéia está internada no Hospital Metropolitano, em Maceió. Toinho, seu esposo, testou negativo e está em observação em casa.

Dona Irinéia é mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 — © Agência Alagoas

Dona Irinéia é mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 — © Agência Alagoas

A artesã de cerâmica e Patrimônio Vivo de Alagoas, Irinéia Rosa Nunes da Silva, popularmente conhecida como Dona Irinéia, está internada no Hospital Metropolitano, no bairro Cidade Universitária, em Maceió, com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

De acordo com informações colhidas pela reportagem do BR104, a artesã e seu marido foram inicialmente encaminhados para o Hospital Regional da Mata (HRM), em União dos Palmares, onde fizeram exames para detectar o coronavírus, nessa sexta-feira (23/10).

Irinéia testou positivo e foi encaminhada para o Metropolitano. Por isso, suspeita-se que o estado de saúde da artesã é grave. O BR104 tenta entrar em contato com a unidade de saúde para obter maiores informações. Já seu esposo, Antonio Nunes, o Toinho, testou negativo e está em observação em casa.

Patrimônio Vivo

Dona Irinéia é mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 — © Agência Alagoas

Mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas, desde 2005, Dona Irinéia é considerada uma das maiores ceramistas do Estado. Faz parte de um grupo de remanescentes quilombolas. Começou fazendo cabeças de barro para ajudar na renda familiar. Tornou-se conhecida ao participar de feiras de artesanato pelo Brasil afora.

Aos vinte anos, Irinéia começou a ajudar sua mãe a moldar panelas de barro para colaborar no sustento da família. Mais tarde, iniciou a produção de peças para fiéis pagarem promessas, em Juazeiro, no Ceará. “Depois que eu descobri minha arte acabou meu sofrimento”, disse.

Ao lado de seu marido, Antonio Nunes, o Toinho, ela encontrou novas possibilidades para o trabalho com o barro. Os vasos e panelas passaram a ser substituídos pelas famosas esculturas, hoje conhecidas em todo país e até internacionalmente.

Em 2004, Irinéia foi finalista do Prêmio Unesco de Artesanato da América Latina e Caribe. Em 2015 esculturas da artesã foram levadas para Itália, a convite da Expo Milão, feira que reúne obras de arte de 140 países. Em 2013, ela virou personagem do livro A menina de barro, da escritora Gianinna Bernardes, com ilustrações do alagoano Pablo Perez Sanches.

Hoje seus trabalhos constam de catálogos da cultura popular elaborados pelo Ministério da Cultura (MinC), e é considerada como uma das melhores artesãs do barro, em Alagoas. Faz parte do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas – RPV/AL.