Entenda de onde vem o dinheiro das escolas de samba

Ter dinheiro não é garantia de qualidade. O mais importante é saber como usar os recursos de forma criativa e eficaz

Marquês de sapucai - Buda Mendes - @Reprodução

As escolas de samba que desfilam nos grupos especiais do Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo investem milhões de reais para criar apresentações competitivas. Os gastos variam, mas em média, uma escola precisa desembolsar entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões para montar seu desfile, e não há limites para os gastos em busca da perfeição.

Mas de onde vem todo esse dinheiro? Existem várias fontes de receita que sustentam o grandioso espetáculo carnavalesco.

1. Bilheteria dos Desfiles: Uma das principais fontes de receita é a bilheteria dos desfiles. Após a dedução dos custos do evento, a arrecadação é dividida igualmente entre as escolas, o que ajuda a financiar suas apresentações. As escolas bem classificadas também têm a oportunidade de desfilar novamente no desfile das campeãs, gerando uma receita adicional com a venda de ingressos.

2. Direitos de Transmissão: A TV Globo paga às escolas dos grupos especiais de São Paulo e do Rio de Janeiro pelos direitos de transmissão dos desfiles. Cada cidade possui um contrato diferente, negociado com as ligas que representam as agremiações. Em São Paulo, por exemplo, até 2022, cada escola recebia cerca de R$ 1,4 milhão. A partir de 2023, a parte fixa será menor, mas incluirá uma porcentagem das cotas publicitárias da Globo.

3. Apoio das Prefeituras: As prefeituras também contribuem financeiramente com as escolas de samba, pois os desfiles impulsionam o turismo na cidade. No Rio de Janeiro, em 2023, cada agremiação do grupo especial recebeu um recorde de R$ 2,1 milhões. Em alguns casos, há apoio dos governos estadual e federal, embora isso seja menos comum.

4. Escolas de Acesso: As escolas de grupos de acesso também recebem apoio financeiro, embora em menor quantidade. Isso é fundamental para manter as atividades funcionando, especialmente durante a pandemia, quando os desfiles foram interrompidos. O Carnaval movimenta cerca de R$ 4 bilhões por ano apenas na cidade do Rio de Janeiro.

5. Outras Fontes de Receita: Durante o ano, as escolas buscam várias maneiras de gerar receita. Elas podem se apresentar em eventos particulares e cobrar cachê, vender produtos como roupas, bandeiras e canecas, ou buscar patrocinadores. No entanto, durante os desfiles, existem restrições quanto à exibição de logos de patrocinadores, que só podem aparecer nas roupas dos assistentes que ficam próximos aos carros alegóricos.

Além disso, festas e eventos realizados nas quadras das escolas, como ensaios, também são oportunidades para gerar receita, vendendo ingressos, alimentos e bebidas.

É importante destacar que, no mundo do Carnaval, ter dinheiro não é garantia de qualidade. O mais importante é saber como usar os recursos de forma criativa e eficaz para impressionar o público e conquistar notas máximas na apuração.