
Morreu nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, o cineasta Cacá Diegues, um dos grandes nomes do Cinema Novo e referência na cinematografia brasileira. Ele tinha 84 anos e faleceu em decorrência de complicações pós-cirúrgicas.
Nascido em Maceió, Alagoas, no dia 19 de maio de 1940, Carlos José Fontes Diegues se destacou por sua visão crítica e poética do Brasil, utilizando o cinema como ferramenta para retratar as contradições sociais e a identidade nacional.
Legado no cinema brasileiro
Cacá Diegues foi um dos pioneiros do Cinema Novo, movimento cinematográfico que revolucionou a estética e a narrativa do cinema nacional nas décadas de 1960 e 1970. Ao lado de nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Leon Hirszman, ajudou a consolidar um cinema engajado, voltado para a realidade do país.
Entre seus filmes mais emblemáticos estão “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980) e “Deus é Brasileiro” (2003). Sua filmografia transitou entre o realismo social e o lirismo, sempre abordando temas como desigualdade, cultura popular e a identidade do povo brasileiro.
Reconhecimento e trajetória
Além do cinema, Cacá Diegues teve uma presença marcante na Academia Brasileira de Letras (ABL), onde assumiu a cadeira nº 7 em 2018. Sua eleição para a ABL reforçou o reconhecimento de sua contribuição para a cultura nacional, extrapolando os limites do cinema e adentrando o campo da literatura e do pensamento crítico sobre o Brasil.
Seu trabalho foi premiado em festivais nacionais e internacionais, incluindo participações no Festival de Cannes, Festival de Veneza e Festival de Gramado. Seu último longa, “O Grande Circo Místico” (2018), foi escolhido para representar o Brasil no Oscar daquele ano.
Repercussão e despedida
A morte de Cacá Diegues foi lamentada por diversas personalidades do cinema e da cultura. A cineasta e atriz Fernanda Montenegro, que trabalhou com o diretor, destacou sua sensibilidade e importância para a arte brasileira. “Cacá pensava o Brasil em toda a sua complexidade, com amor e crítica, poesia e denúncia”, afirmou.
O velório será realizado no Rio de Janeiro, em cerimônia restrita à família e amigos. Seu legado, no entanto, permanece vivo em sua vasta obra e na influência que exerceu sobre gerações de cineastas brasileiros.