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Marielle Franco: Três anos após crime e uma pergunta: “Quem mandou matar?”

Com a intenção de cobrar explicações das mortes da vereadora e de Anderson Gomes, o Instituto Marielle Franco lançou um dossiê com 14 perguntas ainda sem respostas.

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Assassinato de Marielle gerou revolta no país todo — © Getty Images
Assassinato de Marielle gerou revolta no país todo — © Getty Images

Em março de 2018, mais precisamente nas primeiras horas do dia 15, uma multidão ocupava as imediações da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, em protestos com pedidos de Justiça. O clima era de comoção: a todo momento pessoas se abraçavam e choravam.

A 1 km dali, por volta das 21h30 do dia 14, um crime chocava o país. Marielle Franco, de 38 anos, e seu motorista, Anderson Gomes, de 39 anos, voltavam de um evento na Lapa quando foram executados dentro de um carro. Quatro tiros acertaram a vereadora e três o motorista.

A assessora Fernanda Chaves, ao lado da parlamentar no banco de trás do carro, sobreviveu, e preferiu sair rapidamente do país com a sua família, para não virar alvo. A Polícia Civil (PC) foi acionada para o local, na esquina das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, no Estácio, e deu início às investigações.

Um ano depois, a polícia prendeu o militar aposentado Ronie Lessa, acusado de ser o autor dos 13 disparos que mataram os dois. Também foi preso o ex-PM Élcio Queiroz que, segundo a investigação, dirigia o carro dos criminosos. Os dois vão à júri popular, ainda sem data marcada.

No entanto, após três anos, a pergunta que começou a ser feita ainda naquela noite continua a ecoar: quem mandou assassinar Marielle? Com o intuito de lembrar a data, o Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional Brasil apresentaram nesta sexta-feira (12) uma série de ações exigindo Justiça para o crime.

Entre elas, está o lançamento de um dossiê produzido pelo instituto. A série de documentos contém um histórico das investigações, principais ações das lutas por busca de justiça, incluindo as realizadas pelas famílias e uma lista de 14 perguntas que ainda continuam sem respostas. Leia, abaixo, os 14 questionamentos:

  1. Quem mandou matar Marielle?
  2. Qual a motivação do mandante do crime?
  3. Por que ainda não se avançou na investigação sobre a autoria intelectual do crime?
  4. Qual é a ligação do responsável pela clonagem do carro com o crime e o grupo de milicianos ligado a Adriano Nóbrega e o Escritório do Crime?
  5. Qual é a conclusão das investigações sobre o extravio das munições e armas da Polícia Federal usadas no crime?
  6. Quem desligou, como e a mando de quem as câmeras de segurança do trajeto que Marielle e Anderson percorreram não estavam funcionando?
  7. Por que não existe uma atuação coordenada das instâncias em níveis estadual e federal sobre a elucidação do caso de Marielle e Anderson?
  8. Por que até agora a Google não entregou os dados solicitados pelo MPRJ e a Polícia Civil para a investigação?
  9. Por que houve tantas trocas no comando da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso Marielle?
  10. Houve tentativa de fraude nas investigações? Por quem?
  11. Foi aberto um inquérito pela Polícia Federal para apurar as interferências na investigação do caso. Por que em meio a estas investigações, o superintendente regional da Polícia Federal do Rio de Janeiro foi trocado?
  12. O presidente Jair Bolsonaro informou que Ronnie Lessa foi ouvido pela polícia federal sobre o caso do porteiro. Este interrogatório foi entregue ao Ministério Público e à Polícia Civil do Rio de Janeiro?
  13. Por que o governo brasileiro não forneceu todas as informações demandadas pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas?
  14. Por que as recomendações da Comissão Externa realizada no âmbito do Congresso Nacional no ano de 2018 ainda não foram implementadas?

“Quase três anos de muita dor e tristeza, porque não é fácil saber que alguém planejou a morte de seu filho, de alguma maneira. Isso não quer dizer que a gente ponha Marielle num tipo de pedestal. Pelo contrário. A dor que eu sinto é a de todas as mães que perderam seus filhos também”, lamentou Maninete Silva, a mãe de Marielle.

Embora a família ainda espere pelo desfecho do caso, a expectativa é positiva em relação à criação de uma força-tarefa específica para investigar o crime, anunciada no último dia 4 de março pelo Ministério Público (MP-RJ). “Veio muito tarde”, disse a viúva do motorista de Marielle, Ágatha Arnaus.

“Eu acredito que levou tempo demais. Essa força-tarefa devia ter sido criada lá no início. Não é uma questão de privilégio fúnebre. Eles falam tanto que tiram técnicas inovadores nesse caso, então sim, é importante que tenham um olhar diferenciado”, acrescentou Ágatha.

Marielle era vereadora no Rio de Janeiro — © Reprodução

Marielle era vereadora no Rio de Janeiro — © Reprodução


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