Câmara vai trocar nome de Domingos Jorge Velho por Zumbi dos Palmares em rua de SP

A proposta surgiu da direção da Faculdade Zumbi dos Palmares, situada próxima ao local.

Domingos Jorge Velho e Zumbi dos Palmares - @Reprodução

A cidade de São Paulo tem buscado uma reavaliação das figuras históricas homenageadas em suas vias públicas. Neste contexto, a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei visando alterar o nome da rua Jorge Velho, no bairro do Bom Retiro, para rua Zumbi dos Palmares, proporcionando uma reflexão profunda sobre a história e os valores da sociedade paulistana.

Domingos Jorge Velho, bandeirante do século XVII, é uma figura marcada por sua atuação decisiva contra o Quilombo dos Palmares, um refúgio de resistência e liberdade para os escravizados. Jorge Velho é frequentemente associado à aniquilação deste quilombo, liderando as forças que, após décadas de resistência palmarina, derrotaram os habitantes do quilombo, culminando na captura e execução de Zumbi dos Palmares, líder e símbolo de resistência.

Zumbi é celebrado como um herói nacional e ícone da resistência negra, liderando os quilombolas na luta contra a opressão e escravidão. Sua história contrasta fortemente com a de Domingos Jorge Velho, o que torna significativa a proposta de substituir o nome deste bandeirante pelo de Zumbi em uma das ruas da cidade.

O projeto, proposto pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL), foi encaminhado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tem a opção de sancioná-lo ou vetá-lo. A proposta surgiu da direção da Faculdade Zumbi dos Palmares, situada próxima ao local.

Reparação Histórica

Vespoli ressaltou que a alteração representa um avanço no processo de reparação histórica. “Já conseguimos aprovar projetos tirando nomes de torturadores do regime militar de vias públicas. Trocar o nome de uma pessoa que perseguiu negros pelo de Zumbi é um novo passo neste processo”, afirma.

O questionamento das homenagens a bandeirantes, considerados por muitos como perpetradores de violência contra negros e indígenas, intensificou-se nos últimos anos. Em 2021, manifestantes incendiaram a estátua de Borba Gato, um outro bandeirante, refletindo o descontentamento com as homenagens a figuras associadas à opressão.